Mário Russo |
Quem paga é o povo, mais uma vez, porque os supervisores,
auditores, tudo gente muito especialista que ganha verdadeiras fortunas, não
acham nada de estranho a empréstimos de milhões e milhões para operações de
bolsa ou imobiliárias de elevado risco, mas considerados normais, porque não
“há sempre alguém que diz NÃO”. Todos dizem sim, vergonhosamente.
O Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, tem sido um
espectador do fartar vilanagem dos últimos anos na banca nacional, que
sistematicamente é salva pelo Estado. Mas o Estado, somos nós, que pagamos os
impostos, que em vez de canalizados para a melhoria de vida dos portugueses, na
saúde, educação e infraestrutura, é delapidado, sem pudor, por sucessivos
governantes incompetentes que jogam a sorte em roletas russas de casinos
clandestinos por onde se esfumaçam verdadeiras fortunas do erário público, com
a culpa a morrer sempre solteira.
Agora vai haver uma audiência à auditoria ao assalta à mão
desarmada que se passou na CGD por figurões do PS, PSD e CDS, e o Banco de
Portugal vai analisar. Mas eu pergunto, o que vai analisar? Quem vai analisar se
não conseguem ver um elefante passar na frente do edifício? Tudo se passou na frente dos narizes dos
pretensos supervisores bancários, sem a menor desconfiança de que estavam a
celebrar empréstimos ruinosos e criminosos? Empréstimos a figurões para jogar
na bolsa de valores? Mas o que é isso senão crime e criminosos?
Carlos Costa e os seus pares deveriam ser julgados e
condenados a bem da moralização da vida pública. Portugal está falido e muita
gente ainda não percebeu, porque o país não tem como suportar tamanho regabofe:
BPN, BPP, Banif, BES, BCP, Novo Banco e CGD.
Farto-me de rir quando cidadãos portugueses criticam as
roubalheiras em outros países, como se estivesses num modelo de virtudes. Infelizmente
é o mesmo desastre. Não acredito que se altere seja o que for porque os
políticos da praça são os coronéis que comandam os destinos do povo carneiro,
como os Al Capones das máfias amedrontavam populações e as saqueavam.
Estou farto de ouvir dos “experts”, em gamanço, dizer que é
fundamental “salvar” bancos. Que é imperativo para a saúde financeira e
económica do país, mesmo sabendo que das outras vezes deu sempre errado, se
mantém o velho e estafado discurso da roubalheira. Uma vergonha.
Está na hora de emergir uma nova geração de protagonistas na
política sem vínculos a estes partidos anquilosados e cheios de mofo, que
ocupem postos públicos com honra para servir a população e não para se
servirem. Chega de pulhas a ocupar os lugares públicos cheios de benesses e
prebendas para roubar o que é do povo. Haja vergonha.