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António Fernandes |
É comum em uma qualquer conversa de rotina o uso da
expressão: deu-me uma branca. Cujo significado é a alusão a um episódico caso
de esquecimento ou de correção justificativa.
Assim como é comum, na rotina quotidiana de um qualquer
País, haverem “brancas” políticas premeditadas ou, simplesmente, “brancas” de
esquecimento ou, “brancas” de circunstância conjuntural cujos danos ninguém
assume.
O Brexit, por exemplo, vem sendo uma continuada “página em branco”
conjuntural fraturante da estrutura social Britânica com incidência primeira no
seu suporte económico cujas consequências são, neste preciso momento,
incalculáveis. E, os efeitos e dimensão na Europa, imprevisíveis.
Por sua vez, a União Europeia, tenta a todo o transe
acautelar os danos colaterais através de um acordo que, o Parlamento Inglês
rejeitou por maioria esmagadora, avançando a oposição com uma moção de censura
ao Governo do País que não surtiu i efeito pretendido. A queda do Governo.
O caricato desta “branca” na História contemporânea da
Europa é que, a saída da Inglaterra da União, foi ditada por um referendo.
Uma prática democrática em que o cidadão maior tem o direito
de, confrontado com uma pergunta em ato publico de dimensão nacional, responder:
sim ou, não.
Os cidadãos Ingleses disseram nesse exercício referendário
que queriam que a Inglaterra saísse da União Europeia.
Anota-se assim a dúvida, - a citada “branca” -, porque ao
que parece a maioria dos cidadãos Ingleses já não quer que a Inglaterra saia da
União, sobre se os citados terão sido suficientemente esclarecidos das
consequências publicas do ato referendado. Na sua qualidade de vida individual,
familiar e, por consequência direta, na qualidade de vida à escala nacional com
projeção dessa dimensão no espaço internacional.
Estamos assim, perante uma “branca” coletiva que, ao não se auto-referendar
em exercício racional da mente sobre as causas e os efeitos no momento
oportuno, teve de se alterar posteriormente perante a previsão sequencial das
consequências efetivas em todos os domínios. Individuais e coletivos.
Como é óbvio, só se consegue apurar a intenção se houver
repetição do ato publico nacional. Um exercício que pode transformar a “página
em branco” numa “página negra” da História da Europa do século XXI.
Para a História fica a “branca” que ditou um ato sem prévia
análise das consequências tão só porque o sistema educativo promove o ego
individual de forma maciça.
Ora, e assim sendo, a questão central no momento é, de
facto, o Sistema Educativo no seu todo.
Porque, não acompanhando, o Sistema Educativo, as alterações
sociais ocorridas e correntes, não pode formar uma sociedade lúcida e com
capacidade de discernimento permanente para dar resposta no momento às
exigências sociais, desse mesmo momento.