16/01/2019

Opinião de Joaquim Jorge na NOVA GENTE



Tenho seguido as notícias sobre assédio sexual em Hollywood. Começou com o produtor Harvey Weinsten e estendeu-se a vários actores: Kevin Spacey, Dustin Hoffman, Jeffrey Tambor, entre outros.
Roman Polanski, há uns anos atrás, teve que refugiar-se em França – não tem acordo de extradição -, com os E.U.A., por assédio sexual a uma menor.
Esta conduta imprópria é altamente reprovável, mas desculpem eu não vou deixar de ver e rever filmes protagonizados por Kevin Spacey, em que aprecio as suas interpretações, ultimamente, na série House of Cards. Mas, desejo ao mesmo tempo que se faça justiça. Procuro separar as coisas: o homem como actor, do homem na sua vida privada.
Condeno veementemente que as celebridades tenham atenuantes ou agravantes por faltas cometidas. Não podem ter um estatuto especial e desaforos deste tipo, devem respeitar as leis e ter uma conduta idêntica a gente comum. Mas, também é verdade, por ser-se muito conhecido, ser-se notícia na comunicação social desperta um curioso rancor e ressentimento de inveja, que pode levar certos juízes e policias quando apanham uma celebridade em falta, a querer humilhá-la e castigá-la, com mais dureza do que o comum dos cidadãos.

Kevin Spacey por ter um talento excepcional para representar não aceito que seja perdoado tal excesso de assédio. Deve ser acusado e depois vê-se se é culpado. Todavia deve poder prosseguir com a sua carreira de actor.
Mas tenho pensado que este assunto além de delicado é polémico.
Weinsten era um homem muito poderoso e vivia num meio em que abundam mulheres muito bonitas e não fico admirado que tenha incorrido numa das maiores vilezas que se pode cometer: valer-se da posição de domínio para obter favores sexuais pela força ou chantagem.
O que me mete confusão é a série, seguida de denúncias, a seguir à primeira. Está na moda fazer denúncias de assédio sexual, fica-se com a ideia que Hollywood é um antro de assédio sexual. Porque é que as vítimas estiveram caladas tantos anos? Porque é que os seus amigos sabendo desta situação não os denunciaram?
Porque não há denúncias de assédio sexual de mulheres perante homens? E de assédio sexual de mulheres perante mulheres?
Recentemente o Ministro inglês Fallon demitiu-se porque tocou num joelho de uma jornalista faz quinze anos. Dustin Hoffman foi acusado de assédio por pedir uma massagem aos pés.
Não será melhor estabelecer um código de conduta entre homens e mulheres, homens e homens e mulheres e mulheres?
Pedir permissão para beijar uma mulher, acariciar o pescoço, tocar no peito, etc.? Até ficar nu e abraçados perguntar se se pode ter relações sexuais?
Esse código de conduta deve ter várias cláusulas. Respeito muito as mulheres, até pela sua debilidade física frente a um homem e, sou contra qualquer tipo de discriminação ou marginalização.
Há quem diga que um homem vai até onde uma mulher o deixa ir. Uma actriz subir ao quarto do seu produtor Wiensten, põem-se a jeito, uma mulher autorizar que lhe ponham as mãos nas pernas, aceitar um beijo ou uma caricia está a dar sinais de possível aproximação.
Todavia quem tentar beijar uma mulher sem ela querer, o que deve fazer é afastar-se e colocar o homem no seu lugar.
Por outro lado, a sedução não é crime: um olhar, uma aproximação, meter conversa, entre outros. Não entendo isso como assédio, convém redefinir tudo isso.
Daqui a pouco tudo é assédio sexual, porventura convidar uma mulher para sair, ou mesmo, falar com uma mulher.