Valdemar F. Ribeiro |
O SABER
HISTÓRICO E O SABER CIENTÍFICO
A perceção
da História, por definição, é o conhecimento do singular, do individual, do
que não se repete no tempo nem no espaço, do que se conceitua como único,
portanto não é previsível.
O pensamento científico é o conhecimento
do geral, do universal, conhecimento este centrado na predizibilidade de
eventos e na formulação de leis, numa lógica universal.
A ciência busca
realidades, factos, e cada individuo aprofunda em si essa realidade ou não.
Na verdade científica,
a realidade nasce de dentro para fora e não de fora para dentro.
A
GRANDE AVENTURA – O PENSAMENTO CIENTIFICO
O desenvolvimento das
ciências modernas e suas aplicações, constituem para a humanidade uma grande
aventura e é uma aventura que não permite medir hoje os futuros progressos nem
as consequências finais.
O esforço da ciência,
por um lado tende a aumentar o conhecimento dos fenómenos naturais mas, por
outro lado, também há a possibilidade de causar situações menos interessantes
ou mais perigosas.
Basta olhar a bomba atómica e suas consequências, ontem e hoje.
Basta olhar a bomba atómica e suas consequências, ontem e hoje.
O
conhecimento científico comporta perigos pois gera um poder que pode ser usado
para o “bem” e para o “mal”.
Mas
não há como parar o desenvolvimento cientifico pois o risco é a condição do
êxito e “a ciência progride por adaptação do espirito à realidade e exige a
criação de noções sempre novas” ( P. Langevin).
“Só
na obra da ciência é possível amar o que se destrói, continuar o passado
negando-o, venerar seu mestre contradizendo-o” (G. Bachelard).
Não
há numa floresta duas folhas iguais mas logo que a observação se torna atenta e
refletida, apercebe-se de que há elementos fixos que se apresentam de uma
maneira semelhante pois a variedade não exclui certas analogias.
O pensamento inteligente, científico, obriga a atender aos elementos permanentes ou estáveis e aos elementos impermanentes ou novos.
O pensamento inteligente, científico, obriga a atender aos elementos permanentes ou estáveis e aos elementos impermanentes ou novos.
O conhecimento
refletido, exige uma multitude de observações diversas e sempre novas.
O carácter do conhecimento científico é a objetividade no sentido de que a ciência intenta afastar do seu domínio todos os elementos afetivos e subjetivos, deseja ser independente dos gostos e das tendências pessoais do sujeito que a elabora ou seja o conhecimento científico deve ser um conhecimento válido para todos.
O carácter do conhecimento científico é a objetividade no sentido de que a ciência intenta afastar do seu domínio todos os elementos afetivos e subjetivos, deseja ser independente dos gostos e das tendências pessoais do sujeito que a elabora ou seja o conhecimento científico deve ser um conhecimento válido para todos.
A
evolução da recente ciência, e especialmente da física, mostrou a
impossibilidade de separar adequadamente o objeto do sujeito e de eliminar
completamente o observador.
Este
reconhecimento é essencial na teoria da relatividade e na nova física quântica,
torna o carácter da objetividade mais complexo.
A penetração e a profundidade são formas especiais do vigor do pensamento e são qualidades morais.
A penetração e a profundidade são formas especiais do vigor do pensamento e são qualidades morais.
O
espírito superficial é muito indulgente para consigo mesmo pois contenta-se com
pouco para si mesmo e para os outros ao seu redor pois aceita o que baste para
conseguir o efeito.
Este espirito carece de penetração ou de profundidade e dá por finda a investigação logo que as ideias encontradas forneçam assunto para uma página bem escrita e propende a considerar essas qualidades encontradas na primeira esquina como critério do valor das ideias.
Este espirito carece de penetração ou de profundidade e dá por finda a investigação logo que as ideias encontradas forneçam assunto para uma página bem escrita e propende a considerar essas qualidades encontradas na primeira esquina como critério do valor das ideias.
Ocorre
em erro lógico porque o valor das ideias científicas só pode ser avaliado de
harmonia com as regras do verdadeiro ou falso.
Sem
a subtileza do pensar profundo, não existe a força, porque toda a grosseria é
fraqueza e impotência e quanto mais delicado o instrumento para uma operação
cirúrgica, mais firme deve ser a mão que o segura.
Deste modo, a inteligência, desde que se considere somente a sua função lógica, exige sempre nas suas mais diversas operações, a mesma qualidade moral de probidade escrupulosa e minuciosa, isto é, de precisão.
Deste modo, a inteligência, desde que se considere somente a sua função lógica, exige sempre nas suas mais diversas operações, a mesma qualidade moral de probidade escrupulosa e minuciosa, isto é, de precisão.
O
ato essencial da inteligência, o discernimento, não se contenta com o pouco ou
com o mais ou menos.
E esta qualidade moral é propriamente o que se denomina de espírito científico.
E esta qualidade moral é propriamente o que se denomina de espírito científico.
Torna-se
verdade no filho, aquilo que no pai era mentira (F. Nietzsche).