13/10/2017

À SOMBRA DOS PARTIDOS



António Fernandes 
Os partidos políticos sempre tiveram à sua volta muita gente que à sua sombra fez percurso de vida, de que só recebeu.
Chegar a esta conclusão não é difícil nem é preciso frequentar alguma formação especifica.
Aquilo que me admira – não sei se só a mim – é que, feito esse percurso, não tenham um pingo de  decência para reconhecerem que, se não fosse esse percurso, uma grande quantidade deles e dos seus correligionários, uma espécie de personagens cinzentos, não teriam, segundo a expressão popular, aonde “cair mortos”.

Após as eleições autárquicas recentes cujos resultados foram o que foram, as vozes da discórdia fazem um coro estranho.
Um coro de silencio ruidoso nos corredores das carpideiras de mágoas paridas não se sabe muito bem por quem nem aonde, ou talvez saibam, mas não tenham a coragem política suficiente para as trazer para a ribalta da discussão política no seio dos partidos mais concretamente em Assembleias Gerais de Militantes conforme todos os dirigentes prometem mas que raramente cumprem. Um assunto premente por candente em que o que está em causa é o próprio futuro desses mesmos partidos tal qual os conhecemos. Um futuro que se nos apresenta cada vez mais distante das pessoas e demasiado próximo de arrufos individuas sem historia nenhuma mas que influem a história  ocasional das Instituições. Um futuro que nos deve preocupar em face daquilo que vem acontecendo desde o virar do século no que toca ao perigoso percurso em que a Humanidade se encontra por completo desequilibro na relação de forças e na correlação dessas mesmas forças lideradas por pessoas impreparadas para esses combates.

Estranha por isso, o cidadão comum, que sendo as vozes dissonantes, vozes com responsabilidade política em todo o processo conducente ao acontecido, deviam ter manifestado esse descontentamento e discórdia no seio aonde tudo foi decidido. Tenha essa decisão sido de forma unilateral ou consertada, uma vez que a aceitaram.
Democrática não foi na justa medida em que os militantes de base não foram chamados a essa discussão. Tendo havido inclusive quem tenha sido dispensado dessa discussão na vertente participativa sendo que o previsível seria o reforço da representação partidária nos diversos teatros o que não aconteceu.

A este coro juntam-se outras vozes que se dizem de independentes com propalada ideologia de esquerda, do centro ou de direita, consoante a conveniência, próximas dos diversos partidos políticos, segundo afirmam e, em alguns casos, assim foram publicamente apresentadas. Mas que agora, em face da remota possibilidade de virem a ser anfitriões do que quer que seja naquilo que ao exercício do poder autárquico diz respeito, se abespinham com uma autoridade cívica e moral arvorada, que não tem e, se “descolam” dessas peias com a maior das facilidades argumentando sem sustentação credível em domínios que muitos alimentaram sem terem sequer a mínima noção de que lado do interesse estavam e, continuam prosaicamente a alimentar em outros meios, que nada tenham a ver com “politiquices”, como se a política seja algo de descartável, de forma despudorada, consoante a conveniência do costume, tentando convencer os pares do estorvo que lhes causa, por incómoda.