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Mário Russo |
A CGD é uma instituição financeira pública da maior
relevância para Portugal, que nos últimos anos tem sido muito mal tratada por
gestores incompetentes, como se pode constatar com alguma facilidade, para
agradar a clientelas políticas do arco da governação.
A má gestão obrigou a uma recapitalização porque o desvio de
dinheiro para amigalhaços que não pagaram e nem tinham competências para
desenvolver seja o que fosse com tão chorudas verbas, fazia prever. Daí a
necessidade de mudar a gestão para pessoas com competências na área financeira
e não mais jobs for the boys.
Todos acompanharam as peripécias, mal contadas, da nomeação de
António Domingues, que saía do BPI para governar o banco público. Um gestor com
provas dadas. Começou por não se perceber o silêncio de António Domingues no
que toca à obrigatoriedade de apresentar as declarações de rendimentos, como se
estaria a esconder algo imoral. Assim deixou-se cozer em banho-maria, invocando
um acordo com Mário Centeno para que não fosse necessário apresentar as referidas
declarações.
Mário Centeno deve mesmo ter feito acordo com Domingues, por
total inabilidade política e falta de experiência nestas andanças, mas foi-se
desviando desse compromisso quando verificou que tinha-se excedido nas
promessas. Sai Domingues e entra Paulo Macedo, um gestor com gabarito e provas
dadas, a que se junta Rui Vilar, uma sólida personalidade que já geriu a CGD
com sucesso.
Parecia que a polémica tinha acabado, mas foi puro engano. A
vingança de Domingues está a ser servida a conta-gotas. Agora sai uma notícia
de um SMS, amanhã sai outra para confirmar alguma peça de defesa de Centeno.
Há muito tempo que não se via uma novela “mexicana” deste
tipo em horário nobre. Domingues, cínico como não podia ser melhor, no seu ar
cândido vem dizer que não revela o teor dos SMS, mas os seus assessores vão
revelando. Agora diz, se a CPI exigir, que revela para não incorrer em crime de
desobediência. Cinismo a tal nível só em filme de 2ª categoria ou em novela mexicana.
O ódio é absolutamente visível. E disso se aproveita o PSD e CDS, para quem os
resultados macroeconómicos obtidos pela geringonça, que até vergaram a Comissão
Europeia, de nada valem, e um caso destes é ótimo para desviar a atenção.
Com efeito, os deputados do PSD e CDS estão a cair em cima
de Mário Centeno como urubus sobre carniça, que só o vão largar quando este estiver
prostrado no chão. Nada mais interessa e o país não tem mais problemas que não
sejam ver Centeno num “caixão”. É a vingança dos políticos que perderam o
governo de forma, dita por estes, “ilegal”.
Vaticino que Centeno vai mesmo cair, pese embora o suporte
do PM e do PR, diante da guerra desenfreada que o bando de urubus vai continuar
cada vez mais a fazer, com o apoio incondicional do cínico Domingues.
É um espetáculo medonho protagonizado pelos políticos
envolvidos e pelo gestor financeiro preterido, que revela incompetência,
mentira, falta de escrúpulos, cinismo, canalhice. É um “belo” retrato deste
Portugal moribundo e sem valores.