Soneto do século XVII
Obra prima do trocadilho, escrito por
António Fonseca Soares (Frei António das Chagas)
Nota: Recebi isto por
mail mas não sei de quem. Felizmente imprimi-o e aqui estou a enviá-lo pois
creio que vale a pena perder algum tempo
a fazer conta de outro tempo que se perdeu, sem dar conta de quanto valia esse
tempo. É, de facto, uma obra prima!
CONTA E TEMPO
Deus pede estrita conta de
meu tempo,
E eu vou, do meu tempo,
dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo,
tanta conta,
Eu, que gastei, sem conta,
tanto tempo?
Para dar minha conta feita a
tempo,
O tempo me foi dado, e não
fiz conta.
Nãos quis, sobrando tempo,
fazer conta.
Hoje, quero fazer conta, e
não há tempo.
Oh, vós, que tendes tempo
sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em
passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em
fazer conta!
Pois, aqueles que, sem
conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, se
prestar conta,
Chorarão, como eu, o não ter
tempo…
enviado por Manuel Cruz |