23/12/2015

Soneto


Soneto do século XVII
Obra prima do trocadilho, escrito por António Fonseca Soares (Frei António das Chagas)
Nota: Recebi isto por mail mas não sei de quem. Felizmente imprimi-o e aqui estou a enviá-lo pois creio que vale a pena perder algum tempo a fazer conta de outro tempo que se perdeu, sem dar conta de quanto valia esse tempo.  É, de facto, uma obra prima!
                               
CONTA  E TEMPO
Deus pede estrita conta de meu tempo,
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta,
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?

Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta.
Nãos quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero fazer conta, e não há tempo.

Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta!

Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, se prestar conta,

Chorarão, como eu, o não ter tempo…

enviado por Manuel Cruz