08/07/2014

E ASSIM ESTÁ SENDO A COPA...




Tereza Halliday
A expectativa em torno da abertura da Copa do Mundo no Brasil cheirou a chegada de um messias, ou coisa parecida. Algo magnificente, ansiado, estava para acontecer. Uma suspensão da realidade banal de cada dia, uma folga de canseiras e frustrações. E o país é tomado pela alegria de milhões de torcedores. Sem esquecer  da minoria que não curte futebol e, assim, desempenha importante função social: contribui para a falta de unanimidade em gostos e opiniões.

 Em campo, 22 homens bonitos e feios, pés e panturrilhas maceteados, alguns com penteados carnavalescos, correm atrás de uma bola, empurram-se, cospem, caem (e como caem!), permutam suores em abraços de regozijo, levantam as mãos para o céu quando seu time faz gol, num gesto de “Alá é grande!”. Defendem, competentemente, seus altíssimos salários (não seus países), dando aos patrocinadores e às torcidas o que eles querem ter. Lucros e simulacro de heroísmo tecem a trama.  Ao redor do campo, o “óie eu!” das marcas comerciais permitidas. Na TV, comentaristas enchem a linguiça do espaço verbal, achando isto e aquilo.

A poucos dias do encerramento dos jogos, alguns boletins de ocorrência não depõem contra a “normalidade” geral do evento envolvendo milhões de pessoas e deslocamentos.  A pior coisa foi aquele ato de grossura, na inauguração do evento, agredindo a Presidente da República em linguagem própria de escrachados e débeis em civilidade. Se falta vergonha na cara de muitos políticos e gestores públicos, também falta educação, bons modos, para todo lado. Sem distinção de classe social. Direito a protesto misturado com falta de noção mela o protesto. Que papelão!

          Quebra de rotina, feriados anômalos, reprogramações para antes e depois do jogo. Em fase de Copa, os rituais do gramado ultrapassam em importância tudo o mais. Não apareceu messias, mas os curtidores do futebol estão tendo um gosto na vida! Já, já, passa.