
Mario Monti, Mario Draghi, Lucas Papademos e António Borges. Em comum têm o facto de pertencerem à família Goldman Sachs (GS), «apenas mais um banco», mas cujos tentáculos estendem-se onde menos se imagina: da maré negra do Golfo do México à crise das dívidas soberanas na Europa e do subprime nos EUA.
Marc Roche, editor financeiro do Le Monde em Londres não é um desconhecido, e muito menos desavisado. É o autor de um livro, já premiado, que conta a história da Goldman Sachs e de como este banco dirige o mundo. Na obra são denunciadas as estreitas relações entre a banca e o poder.
O nome de António Borges surge logo na primeira página do livro: responsável por supervisionar os resgates da Grécia e da Irlanda no FMI, saiu de Washington «oficialmente por razões pessoais», «oficiosamente» por fazer parte de um banco responsável pela «maquilhagem das contas gregas em 2002-2003», acusa Marc Roche.
Marc Roche acredita que o Goldman Sachs pode aproveitar agora para «ter uma participação» nos negócios da compra e venda de empresas nacionais, por tuta e meia. Mais um pequeno item no currículo do banco, que assim recupera dos biliões de perdas com a safadeza do subprime.
O correspondente diz que António Borges, surge neste tabuleiro como um peixe pequeno, mas que levanta sérias reservas tendo em conta a tarefa que tem agora em mãos. É que agora é um super ministro na sombra.
PPC foi busca-lo para tratar de liquidar o que resta do património luso, com o fabuloso ordenado de 225.000 euros de salários livres de impostos, o que representaria, pelo menos mais de 300 mil euros.
Este senhor acha que a economia portuguesa será competitiva baixando os salários dos trabalhadores. Será uma China na Europa. É com gente desta que PPC está a governar, não se sabendo se têm lealdade à pátria e ao Governo donde sorvem chorudos salários das arábias ou se servem os propósitos estratégicos do Goldman Sachs.
É bom que o PM saiba bem com quem está e não deixe passar a ideia que é este senhor que manda e orienta o Governo na política económica.
Aliás, passa a ideia que o governo mente a cada tomada de decisão. Deixa de haver confiança nos governantes e isso é o pior que pode acontecer a um governo. Faz-me lembrar os tempos de Sócrates em que ninguém, a não ser o próprio, acreditava no que ele dizia. Não é bom para Portugal. Eu ainda quero acreditar que PPC é uma pessoa séria e bem-intencionada.
Mário Russo
*novo AO