06/04/2012

A crise e os roubos de papel: ou sinais e o governo a assobiar para o ar

Há dias uma notícia preocupou-me deveras, relativamente à Valorsul, maior empresa de gestão de resíduos de Portugal, que dava conta de que a empresa está preocupada com o crescente aumento dos roubos de papel/cartão dos ecopontos e nos circuitos de recolha comercial, que provocaram, só em janeiro e fevereiro, uma redução de mais de 20% nas recolhas.

Como sabem, os materiais recicláveis recolhidos pelas empresas gestoras e Câmaras municipais são pagos pela SPV, ao valor de contrapartida, sendo o papel e cartão pagos de 135 a 166€ por tonelada. Isto só acontece porque o país está a passar por um aperto financeiro que lembra os piores tempos do Salazarismo. É apenas um sinal que este governo não interpreta.

As notícias das agências estrangeiras e da UE são de que Portugal vai no bom caminho e com elas o Governo mais se envaidece e mais vai arrochando os portugueses. Neste momento a cada notícia do estrangeiro a anunciar que as coisas vão bem, não sei para quem, porque o desemprego é de 15% e a tendência é crescente, mais o governo sente-se à vontade para trucidar e castigar o povo. Não basta até o Diretor do FMI dizer que só com impostos e austeridade não se resolve o problema, ou o Prémio Nobel criticar virulentamente a estratégia, porque não são alemães.

Agora PPC acaba por dizer o que já sugeriu várias vezes, que os subsídios confiscados só serão repostos no dia de S. Nunca Mais à Tarde. Primeiro era em 2013, mas agora PPC com a maior desfaçatez, diz que será gradualmente (o que é isso?) e em 2015 (erro de 100%), para daqui a dias dizer que é, como penso, definitivo, ou até que este governo seja derrubado e um novo tenha outro entendimento e seriedade sobre o confisco/roubo de subsídios regulamentados como impenhoráveis e inalienáveis.

Pessoas a “atacar” os contentores dos supermercados ao fim do dia é de tal ordem que não sobra quase nada para remover. Decréscimos galopantes do trânsito nas estradas, na venda de combustível, o aumento estrondoso da violência em joalharias, lojas e casas são sinais de fumo no ar. Mas não é tudo. O pior está para vir com o efeito da falta do subsídio de férias já em junho.

Mas de Portugal não é só a chuva que foge, até a oposição é medíocre e ausente. O PS anda de tiro em tiro no pé, tentando afogar o novo líder, que se tem revelado manteiga. Não há uma voz de comando. Todo o “cão e gato bota falação”. António José não está nada Seguro. Fazem dele o que querem. Falta ao Partido alguém que dê um murro na mesa e ponha ordem no galinheiro. Mas é a sina deste país desgraçadamente a caminhar para um precipício levado por uma guarda pretoriana que cumpre as diretrizes da Alemanha, tal como as Stazi cumpriam as ordens de Goebels, e com uma oposição que é aliada, descoordenada e omissa.


Mário Russo


*escreve ao abrigo do novo AO