Há dias uma notícia preocupou-me deveras, relativamente à
Valorsul, maior empresa de gestão de resíduos de
Portugal, que dava conta de que a empresa está preocupada com o crescente aumento
dos roubos de papel/cartão dos ecopontos e nos circuitos de recolha comercial,
que provocaram, só em janeiro e fevereiro, uma redução de mais de 20% nas
recolhas.
Como sabem, os materiais recicláveis recolhidos pelas empresas
gestoras e Câmaras municipais são pagos pela SPV, ao valor de contrapartida, sendo
o papel e cartão pagos de 135 a 166€ por tonelada. Isto só acontece porque o
país está a passar por um aperto financeiro que lembra os piores tempos do
Salazarismo. É apenas um sinal que este governo não interpreta.
As notícias das agências estrangeiras e da UE são de que
Portugal vai no bom caminho e com elas o Governo mais se envaidece e mais vai
arrochando os portugueses. Neste momento a cada notícia do estrangeiro a
anunciar que as coisas vão bem, não sei para quem, porque o desemprego é de 15%
e a tendência é crescente, mais o governo sente-se à vontade para trucidar e
castigar o povo. Não basta até o Diretor do FMI dizer que só com impostos e
austeridade não se resolve o problema, ou o Prémio Nobel criticar
virulentamente a estratégia, porque não são alemães.
Agora PPC acaba por dizer o que já sugeriu várias vezes, que os
subsídios confiscados só serão repostos no dia de S. Nunca Mais à Tarde. Primeiro
era em 2013, mas agora PPC com a maior desfaçatez, diz que será gradualmente (o
que é isso?) e em 2015 (erro de 100%), para daqui a dias dizer que é, como
penso, definitivo, ou até que este governo seja derrubado e um novo tenha outro
entendimento e seriedade sobre o confisco/roubo de subsídios regulamentados
como impenhoráveis e inalienáveis.
Pessoas a “atacar” os contentores dos supermercados ao fim do
dia é de tal ordem que não sobra quase nada para remover. Decréscimos
galopantes do trânsito nas estradas, na venda de combustível, o aumento estrondoso
da violência em joalharias, lojas e casas são sinais de fumo no ar. Mas não é
tudo. O pior está para vir com o efeito da falta do subsídio de férias já em
junho.
Mas de Portugal não é só a chuva que foge, até a oposição é
medíocre e ausente. O PS anda de tiro em tiro no pé, tentando afogar o novo
líder, que se tem revelado manteiga. Não há uma voz de comando. Todo o “cão e
gato bota falação”. António José não está nada Seguro. Fazem dele o que querem.
Falta ao Partido alguém que dê um murro na mesa e ponha ordem no galinheiro.
Mas é a sina deste país desgraçadamente a caminhar para um precipício levado
por uma guarda pretoriana que cumpre as diretrizes da Alemanha, tal como as
Stazi cumpriam as ordens de Goebels, e com uma oposição que é aliada, descoordenada
e omissa.
06/04/2012
A crise e os roubos de papel: ou sinais e o governo a assobiar para o ar
Mário Russo
*escreve ao abrigo do novo AO