De acordo com a opinião de Francis Bacon, poucos são os livros para serem mastigados e digeridos. O homem deveria ficar louco de raiva, se tivesse a oportunidade de presenciar os crimes cometidos para se colocar nas bancas e nas prateleiras das livrarias semelhante quantidade de livros, dos quais mais de noventa por cento são inaproveitáveis, se olharmos para a necessidade de termos livros destinados a educar o ser humano, e com o seu conteúdo o levarem ao bom caminho. As editoras, então, já deixaram de pensar no que poderia ser uma boa literatura, e têm toda a razão, pois num país onde só se dá valor ao que rende bom dinheiro, o jeito é ir na onda e só publicar o produto certo para um público certo, embora não tenha havido até agora nada mais de errado. E como não podem satisfazer gregos e troianos, tudo ao mesmo tempo, nada como dar largas à imaginação, e tratar de explorar o negócio da parceria, satisfazendo assim os desejos de quem quer aparecer como escritor, não se importando de cofinanciar a produção da obra, ao fim e ao cabo saindo sem despesa para a editora, que não é trouxa, sabe muito bem-fazer as contas, e acaba por satisfazer a vontade do neófito, com um volume bem apresentado, para não se colocarem defeitos, e ainda a merecer os encómios de quem utilizou os seus serviços. Seja como for, só temos a agradecer a atitude de quem quer ajudar a economia do país, que tem andado pela hora da morte.
A.Campo Grande
A.Campo Grande
