07/03/2011

NOVOS PARTIDOS


Com a crise dos partidos , cada vez se estão a formar zonas da sociedade civil que se manifestam mas que não são de nenhum partido. Estão em ascensão movimentos sociais e clubes de reflexão cívicos que estão a preparar o gérmen de uma democracia distinta. Por outro lado alguns lideres e dirigentes de partidos estão desencantados com o que se passa actualmente no sistema político e nos seus partidos.

A formação de novas forças políticas está em marcha , o espectro político e o seu desenho vão ter uma mudança radical, se tal acontecer.
Os portugueses são avessos a mudar e a ver as coisas de outro modo, mas a evolução está em marcha . Até agora o único partido que emergiu foi o BE que é um somatório de várias tendências que se aglomerou num bloco. O seu êxito é uma realidade.
Na Europa , Espanha, Itália , Bélgica , etc. , a formação de novos partidos é natural , perfeitamente aceitável e com capacidade de êxito no eleitorado , veja-se em Itália , o partido Itália dos Valores, do antigo juiz Antonio Di Prieto , em Espanha ,o UPD [Unidade, Progresso e Democracia], animado por intelectuais como Fernando Savater e Carlos Gorriarán, que acolheu a dissidente socialista Rosa Diez e movimentos sociais - as plataformas cívicas.

Com a sensação que Pedro Santana Lopes (PSL) pode avançar e com ele levar uma grande fatia do PSD é algo que pode acontecer, não esquecendo que penetra no eleitorado tradicional do CDS/PP. Depois, PSL vale muito mais no eleitorado votante português que nos seus militantes do PSD.


O PS já tinha feito um arremesso de formação de um partido por Manuel Alegre, mas depois recuou. Actualmente José Sócrates tem mão de ferro e a sua sucessão está na ordem do dia . Por enquanto não se faz muitas ondas , pois é poder e o poder apaga qualquer veleidade. Todavia se controlar a sua própria sucessão , o que não me admira nada , não sei o que fará António José Seguro , Manuel Maria Carrilho , etc.

Está em marcha a formação de novos partido e novas ideias , o problema é passar para a opinião pública a ideia que estas novas formações acontecem por zanga com os anteriores partidos e não para resolver os problemas da nossa sociedade e que já não se identificam com o que se passa lá.

Um movimento tem mais liberdade de acção que um partido , funciona como um grupo de pressão alargado mas a sua eficácia na acção é limitada - exerce pressão sobre o Governo para que prossiga e instaure determinadas políticas mas não passa disso. Um partido vai a votos e tem mais influência ( o problema é passar a ideia que é mais do mesmo com outro nome).

A luta por novas ideias e outra forma de fazer política esta aí , agora falta saber se a aposta em novas formações que apareçam é efectiva. Continuar com velhas fórmulas não vamos lá...

O desafio será ir de encontro ao cansaço dos eleitores, manifestado nos crescentes níveis de abstenção nas eleições , contra a polarização política entre o PSD e PS . Ter por objectivo reservado o papel de facilitar a alternância e ser alternância.A lei eleitoral, que favorece os partidos maioritários [PS e PSD] e coloca o limite de três por cento para entrar no Parlamento.

Ser um partido aberto, pouco hierárquico, plural, com debate , respeito pelas diferenças e sem espartilhos. Não é fácil mas também não é impossível. Muitos acham que se deve mudar os partidos por dentro , outros como eu, acham que não vale a pena e tem que ser por fora , outros acham que se deve formar outros partidos , etc. Não sei como vai ser o futuro mas as coisas têm que se mudar e Carl Jung diz-nos: «Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda. Vamos sonhar acordados...

JJ