05/02/2010

CRISE POLÍTICA ARTIFICIAL

Joaquim Jorge




Crise política artificial e empolada por Teixeira dos Santos . A comunicação ao país ontem à noite apelando ao bom senso e à responsabilidade , falando em despesismo e implicações nas contas públicas vulgo malfadado défice. Claro que este discurso colhe mas temos que ver que há compromissos assumidos anteriormente com os Governos Regionais quer da Madeira quer dos Açores . A despesa com a Madeira aumentou significativamente no tempo do governo minoritário de António Guterres para poder aprovar o seu orçamento de estado com os votos dos deputados da Madeira. Não me venham com balelas, excesso de rigor e zelo para uns e, não para eles próprios ,com o empolamento do défice que deveria ficar na casa dos 8% e subiu por obra e Engrácia do Espírito Santo vertiginosamente para a casa dos 9%, nos últimos meses do ano.


Hoje na votação na Assembleia da República sobre a lei das Finanças Regionais se verá o que acontecerá. Ontem na Comissão de Especialidade todos os partidos, com excepção do Partido Socialista, aprovaram um texto do CDS-PP que limita o endividamento em 50 milhões de euros. Penso que é uma atitude justa ,equilibrada e dando azo a que os insulares quer os Açores quer a Madeira se organizem e preparem no futuro mais cortes no endividamento.
O despesismo também impera e muito no Continente com gastos supérfulos e inconcebivéis,temos que dar tempo ao tempo . Esta dramatização ,excessiva,fingida,postiça e lermos nas entrelinhas que há mecanismos legais para o governo fazer o que muito bem entende e quer, leva-me a pensar que esta crise artificial e este ambiente dramático não passa de testar a oposição , ver até que ponto cede ou mantém as suas propostas . Pelo andar da carruagem esta legislatura será inconstante, em que andaremos com o credo na boca de eleições antecipadas. Mais parece, uma peça teatral de assunto sério ( meio-termo entre tragédia e comédia ) e que se pode tornar comovente com uma narrativa ,viva, animada de acontecimentos,que parecem notáveis mas não passam de desgraça e agitação ,em que se pretende ver quem provoca quem, e as inevitáveis eleições antecipadas que ninguém quer ,mas estão constantemente a ser faladas como ameaça. O governo tem que se habituar que já não tem maioria absoluta , deve e tem que respeitar os outros partidos . Ter opinião , ideias contrárias e dissonantes não é o fim, mas se calhar, o principio de uma nova política e atitude. Se achava que não tinha condições para formar governo tendo como grande designio o diálogo que outrora rejeitara , não aceitava formar governo. Dialogar é ceder e não impor . Assim como fazer birra e deitar a toalha ao chão quando os outros vencem ou não concordam.