29/12/2009

PROFESSORES / GOVERNO

Joaquim Jorge




Depois de tanta guerra , finca-pé , teimosia , sobranceria, presunção e inamovível orientação educativa, durante a última legislatura José Sócrates que medite se valeu a pena enveredar por esse caminho . Aliás realço-lhe a solidariedade com uma Ministra ( Maria de Lurdes Rodrigues e uma equipa de secretários de Estado) que não tinha tacto nem élan mas deveria tê-los demitido.

Não se consegue fazer nenhuma política e tomar medidas sem envolver as pessoas ( neste caso, os professores) e perceber as suas legitimas ânsias e preocupações.
Um Governo tem que saber ler adequadamente a realidade para ter êxito ou fracasso. Como não o soube fazer venceu as eleições mas perdeu a maioria absoluta e isso deveu-se à grande insatisfação dos professores e a forma como foram tratados. Se tivesse sabido responder às exigências dos professores , fazer mea culpa e alterar as regras do jogo poderia agora governar de outra forma e com outra folga.
O que estamos a ver nesta negociação entre a nova Ministra da Educação , a sua equipa e os professores são cedências de parte a parte que poderiam ter sido feitas há muito tempo e explicadas devidamente. Um dos maiores problemas do ensino em Portugal é a quantidade enorme de professores ( à volta de 150.000) mais o pessoal auxiliar,não docente e afim , atinge uma plenitude muito grande ( não andará longe de 30% da função pública do país) . Tudo isto tem um peso enorme no Orçamento de Estado e na despesa Pública. Se tivessem reconhecido claramente esta situação , em vez de bloquearem as carreiras dos professores com divisões e quotas , explicassem que não há dinheiro e que a sua progressão seria efectiva mas mais dilatada no tempo. Estou convencido que seria aceite pelos docentes e não haveria toda esta incompressão e extremar de posições que não levou a nada. Quem perdeu foi o país , a educação e, a vitória foi de Pirro.
E, lanço um aviso a José Sócrates para que não volte acontecer :«quem não sabe reconhecer os desacertos e emendá-los rapidamente, está condenado a perder legitimidade aos olhos da opinião pública». O Governo desta vez foi mais democrático,progressista, decidido, activo,atento e pragmático.