08/11/2009

O ESPÍRITO DA CPLP


A Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa ( CPLP ) são o motor de várias iniciativas , em várias áreas , e tem sido possível , lentamente , dar voz às comunidades lusófonas e aos luso-descendentes espalhados um pouco por todo o mundo . Este semear lusófonos pelo mundo ficou a dever-se aos Descobrimentos Portugueses, uma vez que , até então , a Europa da Idade Medieval tinha apenas noções muito vagas do mundo fora do ambiente da Cristandade. No entanto , as tradições , as lendas e as especulações da época , faziam crer aos Europeus que o mundo deveria ser um pouco mais do que se conhecia. Portugal , talvez por viver de certa forma isolado dos demais países europeus , teve então um papel preponderante na passagem das crenças para realidades ao depositar imensa esperança num rapaz sonhador denominado Henrique , o Navegador (1394 - 1460) . Henrique , o Infante de Sagres , é o homem que dirige o País por "mares nunca antes navegados" e instaura na Terra uma nova Idade . É este o protagonista deste novo mundo que “”(...) embora amável e delicado , quando se tratava pela primeira vez , se achava aterrador .
Este jovem sério e reservado meditava sem cessar sobre o mistério do Universo :

Que pequena ilha era a Cristandade , com o mar do Islão bramindo-lhe em volta e enigmáticas regiões estendendo-se para além !

O facho da Fé já fora há muito levado para o Oriente - ainda ardia lá ou tê-lo-iam apagado as trevas ? E para o Sul ? Que ficava abaixo dos desertos mauritanos ? E que se sabia do gelado Norte ? Que se sabia realmente deste Mundo ?
D. Henrique procurou a resposta nos seus livros . Os escritores medievais sabiam dizer-lhe muita coisa a respeito do Céu e do Inferno mas pouco da Terra em que vivia . Restavam os Antigos.
D. Henrique releu Heródoto e estudou Plínio , Estrabão e Ptolomeu . narravam-lhe muita coisa a respeito do mundo grego e romano e de tantos povos que os cristão agora desconheciam .

Falavam-lhe de raças e costumes , de climas e de zonas , de estrelas no céu e de ilhas no mar mas paravam sempre aonde ele queria começar e depois enveredavam pelo caminho dos rumores e da lenda .

Do Extremo Oriente e do Sul inferior deixavam-no a conjecturar como dantes . Do gelado Norte pouco tinham a contar e quanto aos limites daquele oceano à beira do qual D. Henrique nasceu , não sabiam dizer-lhe absolutamente nada .”” (**) Ao longo das suas intervenções , Valdemar aborda o espírito lusitano e demonstra através da poesia de Camões e de Pessoa a garra lusitana e a necessidade de cada um ser sua própria candeia , dando assim a entender que a rejeição da conformidade , da indiferença e da formalidade , são caminhos para o progresso. O espírito de Henrique , o Navegador , talvez por ter nascido no seio de uma família excepcional , sonhou , acreditou e perseguiu o seu sonho .

E , assim como acontece com quem detém esta postura , foi mais longe do que o seu próprio sonho . Ao ser a sua própria candeia , Henrique afastou crenças obsoletas , correu riscos e conquistou ! (*)
( *) - Texto de Luís Moura

(**) in , OS GRANDES DA HISTÓRIA - INFANTE D. HENRIQUE, Editora Verbo


Vademar F. Ribeiro