18/08/2009

A recessão não morreu, apenas adoeceu


Muitas gargalhadas dei na passada semana quando vi o nosso Primeiro-Ministro vir galvanizar-se com o simples facto da economia ter crescido uns míseros 0.3%, falando mesmo no fim da recessão. Como qualquer um economista sabe, uma recessão por si só não termina com um trimestre de crescimento, mas sim com 3 consecutivos trimestres, facto esse, que só pode ser oficialmente divulgado no inicio do próximo ano, caso o nosso PIB não sofra mais nenhuma retracção, o que eu duvido muito. Vir falar-se em fim da recessão, não é mais do que pura demagogia e falsidade dos factos. A recessão adoeceu e não morreu. Considerar uma recessão morta com o nível de desemprego actual, é algo muito grave por parte de um governante. Todos nós agradecemos o simples facto de ter transmitido um sinal de esperança à sociedade, mas nunca devia ter sido feito naqueles modos. Continuamos assistir a um continuo agravar do desemprego que mais cedo ou mais tarde se reflectirá no consumo, agravando assim, o crescimento, daí que nada se alterou, apenas se desagravou o declínio económico. O espiral de queda do ciclo económico, sofreu um retrocesso, aliviando os indicadores para níveis próximos da estabilidade. O próximo trimestre será mesmo o mais importante de todos, será a confirmação ou o imergir de novo na malvada recessão.

António Costa