26/02/2009

Caixa Geral de Depósitos limpa 64 milhões aos contribuintes em negócio ruinoso


António Costa

O negócio recentemente anunciado entre a Caixa Geral de Depósitos e Manuel Fino, no que concerne à venda de 10% do capital da Cimpor à CGD, demonstrou como o banco do Estado é gerido, no sentido que não está a salvaguardar os interesses públicos, mas sim a salvar as elites portuguesas de elevadas perdas financeiras. O banco estatal comprou cada acção da Cimpor a 4,75 euros quando estavam cotadas a ser cotadas no mercado a 3,79 euros. Actualmente esta empresa está a cotar pouco mais de 3 euros, estando já a CGD a perder milhões com este ar ruinoso negócio. Manuel Fino arrecadou com este negócio mais 64 milhões do que deveria, se a mesma tranche fosse vendida ao mercado, e ainda para cúmulo dos cúmulos, esse finório ficou com o direito de recomprar esta posição nos próximos três anos, depois de passada a crise, como é óbvio. Este negócio não é mais do que uma uma afronta ao povo em geral, e aos investidores em particular, que nunca tiveram um encosto nas suas perdas de negócios falhados. Ainda mais que, este mega-negócio ocorre no momento em que Portugal está a entrar numa crise profunda, em que centenas de milhar de pessoas estão a perder o emprego e, no entanto, é ao investidor que a CGD a mando de alguém, não se sabe ainda de quem, decide entregar dezenas de milhões de euros. Um Governo que não tem dinheiro para manter urgências abertas, pagar as SCUT’s, melhorar o ensino, fazer novos hospitais e escolas, deixa isto passar em claro, é porque alguém ganhou com isto dentro do seio governativo. Este é mais um caso FREEPORT em versão CGD. Como cidadão sinto-me completamente envergonhado perante esta situação. Tomei conhecimento que existe uma petição online, que está a ser divulgado nos fóruns financeiros e que pode ser consultada aqui : http://www.ipetitions.com/petition/CGD/. Infelizmente, e como tem sido um pouco habitual ultimamente, a comunicação social pouco ou nada vem dizendo sobre isto. Seria interessante que fizessem o mesmo trabalho que fizeram no caso Freeport. Afinal a CGD ainda pertence a todos nós.