26/02/2009

Terceira travessia do Tejo



Mário Russo



O ministério do ambiente acaba de aprovar a DIA (declaração de impacto ambiental) para a terceira travessia do Tejo. Uma obra cujo orçamento, se não derrapar, é de 1700 milhões de euros em plena crise. Esta travessia deveria ser ferroviária, mas tem tudo, rodoviária, TGV e até bicicletas.

Para além de ser discutível a necessidade desta terceira travessia, em plena crise, é de certeza desnecessária. É um projecto para postergar para se analisar daqui a 10 anos, no mínimo. Mais uma asneira que duvido que existiria se houvesse regionalização, em que as soluções seria escrutinadas de outro modo.

O parecer do ministério do ambiente é hilariante com as sugestões/exigências, como é o caso dos acessos à ponte não serem em viaduto e sim em túnel, porque o sr. Dr. António Costa da Câmara de Lisboa sugeriu. É um custo 10 vezes maior que o do projecto. Mas, “como somos um país muito rico e estamos em pleno “boom” económico, a crescer a ritmos fabulosos e com pleno emprego, é uma excelente ideia para se gastarem mais umas centenas de milhões de euros para os empreiteiros”.

Por outro lado, como não é preciso estimular-se a eficiência energética, “há que contemplar mais uma ponte rodoviária e, como é fácil de entender, numa auto-estrada, ainda de gorjeta vai uma “pista para bicicletas, a favor da segurança rodoviária”. Já viram os utentes de bicicleta a caminho de Lisboa, atravessando uma ponte sem ventos, numa “boa” (para tirar fotografias). Para não falar que é mesmo muito seguro conviver com as viaturas nas faixas de rodagem e com o TGV.

Meus senhores, isto é de loucos. Se alguém me tivesse contado eu não acreditaria, mas eu li. Quem analisou o projecto e propõe uma DIA nestes termos não deve ser deste mundo. Um chorrilho de disparates, que me envergonham enquanto técnico desta área. Mas quem decide assinar e promulgar um conjunto de asneiras deve estar, no mínimo, distraído e só tem uma coisa a fazer, recuar diante de tamanho erro e demitir quem o colocou numa situação tão embaraçosa, que envergonha Portugal no seio da UE.