29/10/2008

Salário mínimo sobre para 450 euros num clima económico desfavorável




Todos nós temos a noção que o mundo está a viver um dos seus piores momentos económicos de sempre, fruto da especulação e em parte também de erros crassos de gestão financeira que durante muito tempo esteve encapuçada. Nesta altura conturbada e de tomada de decisões difíceis, o mais recente anúncio do Governo em aumentar o ordenado mínimo para 450 euros, veio desencadear um elevado número de opositores, nomeadamente da Sra. Ferreira Leite. Contrariando a posição que tenho tomado em relação a determinados assuntos do Governo, nesta matéria eu não poderia estar tão de acordo, no entanto realço o facto, de que este valor peca por tardio e que já deveria ter sido aplicado em 2008, afinal os portugueses já acumulam uma perda no poder de compra desde meados de 2003. Muitos são aqueles que têm por hábito criticar os nossos Governantes por não agirem de forma a que cada vez mais nos aproxime-mos da Europa em todos os aspectos, mas como neste caso as receitas vão atingir os bolsos das empresas dos nossos gestores, isto é um erro. Enfim, seria estranho não ouvir esses demagogos virem falar em crise para pagar semelhantes valores. Se analisarmos bem a situação económica das empresas em Portugal, verificamos que mais de metade dos assalariados em cargos designados como gestores e administradores ganham em média mais 10 a 25 vezes que qualquer um dos seus empregados, provocando esse sim uma elevada despesa para a empresa, não falando das outras regalias que em média acrescentam ao exercício das empresas elevados custos anuais. Agora, afirmarem que o ordenado mínimo é erro grave é algo totalmente irracional. Apesar, do anúncio também não ter sido muito bem acolhido por parte da oposição, nomeadamente da "Sra. Muda", o acto é louvável e vai trazer para Portugal um certo brio a toda a classe trabalhadora que ao longo dos anos tem sido completamente vista como a mão-de-obra barata da Europa. Afinal são esses que todos os dias são vistos pelos estrangeiros como profissionais, produtivos, escravos e baratos. Finalizo dizendo que os aumentos de ordenados, quer na função pública, quer no ordenado mínimo, só peca por ser tardia. Se o país quer crescer e motivar os seus cidadãos a trabalhar, o ordenado é um factor determinante para a motivação. Infelizmente continuamos a ver muitos empresários nacionais com palas á frente dos olhos.

António Costa