David ( Não ) venceu Golias (Sim )

Um número reduzido de pessoas consegue escrever direito por linhas tortas


JOAQUIM JORGE


A Irlanda disse Não ao tratado. Vence quem sempre defendeu uma articulação de processos na forma de consulta que deveria ser referendária. É bem feito, muitos líderes políticos tentaram contrariar a tendência, do Não, nos seus países evitando a consulta pelo referendo e fazendo-a por via parlamentar ignorando as suas causas. Um número reduzido de pessoas consegue escrever direito por linhas tortas. Não se pode continuar a fazer política sem envolver as pessoas, tomar decisões nas suas costas, e pior, não perceber ou ignorar os sinais que elas emitem , o establishment político europeu está atónico e sem norte, uns dizem que o tratado está morto, outros numa fuga para a frente que se deve continuar o processo de ratificação nos países que faltam: Reino Unido; Itália; República Checa; Bélgica, Espanha; Chipre; Suécia; Holanda. Os líderes políticos europeus não podem continuar com este proselitismo de impor uma constituição a qualquer preço. Os cidadãos estão contra a vacuidade e falta de concretização das propostas comunitárias; acentuada pela sensação de défice democrático e sobretudo a ausência de sensibilidade social perante os problemas reais das pessoas em plena crise económica. Este voto dos irlandeses não é um voto anti-europeu , mas sim pela perda do controle sobre determinadas competências e influência. A Europa tem de ser mais democrática e mais transparente. Tem que se seguir outro caminho às claras. David (Não) venceu Golias (Sim). A Europa está mais débil e menos convincente. Não haverá outro caminho? Mais lento , envolvente e sólido.



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