23/06/2008

Crise de ideias da UE


Mário Russo



Segundo informações da imprensa, a UE vai reunir-se com a OPEP, um cartel de cleptocratas ditadores que se está a vingar dos abusos que os países ricos lhes fizeram durante alguns anos, para pedir um aumento da produção de combustíveis de modo a diminuir a pressão nos preços.

Fico perplexo com esta estratégia da UE, que revela falta de ideias de como lidar com esta crise artificial engendrada pelos grupos financeiros dominadores da economia mundial e que que perderam com o famigerado golpe do sub-prime. Em nada adiantará o pedido, de cócoras, pois é a própria OPEP que diz que não há falta de petróleo no mercado.

Considera também a OPEP, que a “subida dos preços se deve a investidores do sector financeiro que fazem contratos para vender posterior e intencionalmente com ganhos acrescidos”.
Ora aqui está o que já escrevi aqui há tempos, porque não é preciso pensar muito, nem pesquisar demais. Basta consultar uns quantos gráficos económicos para se chegar a esta conclusão. Ainda bem que são os líderes da OPEP a constatar.

Faço de novo a pergunta: porque é que os países da UE não acabam de uma vez por todas de comprar o petróleo a intermediários? A quem interessa manter este tipo de negociação de casino?

Porque é que a UE não cria uma central de compras de energia fóssil? Porque vai acabar com a “mamata” de uns quantos oligarcas?

Obviamente que a solução passa pela utilização maciça de energias renováveis em que o incremento de políticas de investigação centradas em novas energias renováveis é primordial, tal como o incremento da eficiência energética de modo generalizado deve ser incentivada designadamente para se fazerem substituições infraestruturais e de uma estratégia de educação ambiental neste domínio.

No entanto, estas alterações são lentas e a UE tem de defender a economia da sua área de influência, actualmente demasiado dependente do petróleo, que não é substituível a curto prazo.

Será que a UE só serve para uniformizar um conjunto de regras, regulamentos e leis que obrigam todos os cidadãos e empresas a cumprir? Não serve para uma acção consertada a nível externo? Para que serve o cargo do Sr. Xavier Solana? Para passeios turísticos à roda do mundo?

Dir-me-ão que é uma visão romântica. Penso que não. É uma visão diferente do Cânone estabelecido e em que todos “candidamente” seguem sem questionar. O mundo só pula e avança quando se sonha e pensa diferente. O pensamento oficial e a sua praxis deram resultado? Não. Então porque não inovar e ter algum arrojo?

Esperar mais pode ser tarde demais, pondo a economia europeia num plano inclinado cujo fim é imprevisível. Urgem políticas, medidas e praxis ousadas, sob pena de vermos o vendaval tudo levar. Até a esperança.


engenheiro e permanente no blogue