Mário Russo
Como todos sabem Jorge Coelho aceitou ser o Presidente da maior empresa de construção civil e obras públicas de Portugal, a Mota-Engil. Jorge Coelho não é engenheiro, nem é gestor de empresas. Jorge Coelho fez toda a sua carreira, como bem mostrou o Expresso deste fim-de-semana, no PS. Foi o todo-poderoso ministro das obras públicas (denominado ministério do Equipamento Social) de Guterres, que se abandonou o governo porque não queria viver num pântano.
Jorge Coelho negociou contratos milionários, obviamente ganhos com lisura, com a Mota-Engil. Alguns dos contratos de concessão de auto-estradas por 30 anos. Agora vai ser o estratega da empresa para ganhar concursos públicos que aí vão aparecer nos braços do QREN (aeroporto de Lisboa, TGV, nova ponte em Lisboa, etc.) que vão ser decididos por funcionários que foram seus subordinados.
Mas também será muito “útil” em conversas com autarcas correligionários, porque nas autarquias também existem grandes obras a concurso, ou a necessidade de lhes mostrar a melhor interpretação dos PDM.
Como se vê, Jorge Coelho é o novo Presidente da Mota-Engil para lidar com os mega negócios que aí estão com o sector público, dada a sua capacidade “bulldozer” de construir pontes entre o Estado, interesses público-privados, privados e políticos.
Como fica a competitividade neste sector da economia? Como serão lidos os critérios de adjudicação destes mega negócios de regime pelos ex-subordinados do ex-todo-poderoso ministro e astro deste PS que está a governar? O que ganha o país com esta capitulação da economia a interesses do foro privado?
José Sócrates, espumando de raiva, respondeu a Francisco Louçã na Assembleia da Republica com violento ataque em defesa do puro e asséptico JC. Justifica que o Dr. Jorge Coelho já não é ministro há 7 anos e tem todo o direito de trabalhar onde quiser. Fez tudo com a maior rectidão. Não há nada de ilegal.
É claro que não é ilegal, é imoral. Imoral aceitar o cargo e imoral convidarem-lhe para o cargo.
Qualquer obra que doravante a Mota-Engil venha a ganhar ao Estado, mesmo que justa e limpidamente, ficará na penumbra a sensação de jogo viciado, concorrência desleal e, sobretudo, grande falta de transparência, que um dia JC reivindicou para si aquando da sua demissão do governo com a queda da ponte de Entre-os-Rios, glorificada por muitos, mas que foi a melhor fuga às suas responsabilidades.
Mas há mais: Ferreira do Amaral também tutelou este ministério ao tempo do PSD e está na Lusoponte, que reivindica (por assinatura de FA) o direito a indemnização milionária se o Estado fizer outra ponte sobre o Tejo. Fernando Gomes, um “exímio gestor de Petróleos” foi para a Galp com ordenado de marajá das Índias. Armando Vara, ex-caixa de agência da CGD foi para a Administração do maior banco de Portugal (CGD) e agora rumou para o maior privado a reboque de um gestor “boy” do PS. Ex-governantes estão na presidência de empresas tuteladas pelo Estado, ou dele dependentes, a ganhar salários de fazer corar os americanos, ou como dizia Bagão Félix, “uma imoralidade”.
São demasiados casos de falta de pudor e de vergonha perpetrada por políticos que os leva a serem os que menos confiança merecem da população, como recente inquérito da Gallup mostrou. A política devia ser uma arte nobre de servir a pátria, mas está a ser uma arte séria de enriquecimento pessoal à custa da pátria.
Com que moral pedem sacrifícios ao povo português?
Pensei muito antes de escrever estas linhas, qual paralisia ante um tsunami. Julguei que já tinha assistido a todo o tipo de comportamentos possíveis em políticos, mas estava enganado.
Pergunto se foi para isto que se fez um 25 de Abril? Tirar o poder a um grupo de direita que se apropriou do país para o entregar a um grupo de interesses do bloco central, que se apoderou do Estado, para o delapidar, democraticamente?
Mário Soares disse um dia que todos temos o direito à indignação. E tinha toda a razão.
engenheiro , membro do clube e frequente no blogue
Como todos sabem Jorge Coelho aceitou ser o Presidente da maior empresa de construção civil e obras públicas de Portugal, a Mota-Engil. Jorge Coelho não é engenheiro, nem é gestor de empresas. Jorge Coelho fez toda a sua carreira, como bem mostrou o Expresso deste fim-de-semana, no PS. Foi o todo-poderoso ministro das obras públicas (denominado ministério do Equipamento Social) de Guterres, que se abandonou o governo porque não queria viver num pântano.
Jorge Coelho negociou contratos milionários, obviamente ganhos com lisura, com a Mota-Engil. Alguns dos contratos de concessão de auto-estradas por 30 anos. Agora vai ser o estratega da empresa para ganhar concursos públicos que aí vão aparecer nos braços do QREN (aeroporto de Lisboa, TGV, nova ponte em Lisboa, etc.) que vão ser decididos por funcionários que foram seus subordinados.
Mas também será muito “útil” em conversas com autarcas correligionários, porque nas autarquias também existem grandes obras a concurso, ou a necessidade de lhes mostrar a melhor interpretação dos PDM.
Como se vê, Jorge Coelho é o novo Presidente da Mota-Engil para lidar com os mega negócios que aí estão com o sector público, dada a sua capacidade “bulldozer” de construir pontes entre o Estado, interesses público-privados, privados e políticos.
Como fica a competitividade neste sector da economia? Como serão lidos os critérios de adjudicação destes mega negócios de regime pelos ex-subordinados do ex-todo-poderoso ministro e astro deste PS que está a governar? O que ganha o país com esta capitulação da economia a interesses do foro privado?
José Sócrates, espumando de raiva, respondeu a Francisco Louçã na Assembleia da Republica com violento ataque em defesa do puro e asséptico JC. Justifica que o Dr. Jorge Coelho já não é ministro há 7 anos e tem todo o direito de trabalhar onde quiser. Fez tudo com a maior rectidão. Não há nada de ilegal.
É claro que não é ilegal, é imoral. Imoral aceitar o cargo e imoral convidarem-lhe para o cargo.
Qualquer obra que doravante a Mota-Engil venha a ganhar ao Estado, mesmo que justa e limpidamente, ficará na penumbra a sensação de jogo viciado, concorrência desleal e, sobretudo, grande falta de transparência, que um dia JC reivindicou para si aquando da sua demissão do governo com a queda da ponte de Entre-os-Rios, glorificada por muitos, mas que foi a melhor fuga às suas responsabilidades.
Mas há mais: Ferreira do Amaral também tutelou este ministério ao tempo do PSD e está na Lusoponte, que reivindica (por assinatura de FA) o direito a indemnização milionária se o Estado fizer outra ponte sobre o Tejo. Fernando Gomes, um “exímio gestor de Petróleos” foi para a Galp com ordenado de marajá das Índias. Armando Vara, ex-caixa de agência da CGD foi para a Administração do maior banco de Portugal (CGD) e agora rumou para o maior privado a reboque de um gestor “boy” do PS. Ex-governantes estão na presidência de empresas tuteladas pelo Estado, ou dele dependentes, a ganhar salários de fazer corar os americanos, ou como dizia Bagão Félix, “uma imoralidade”.
São demasiados casos de falta de pudor e de vergonha perpetrada por políticos que os leva a serem os que menos confiança merecem da população, como recente inquérito da Gallup mostrou. A política devia ser uma arte nobre de servir a pátria, mas está a ser uma arte séria de enriquecimento pessoal à custa da pátria.
Com que moral pedem sacrifícios ao povo português?
Pensei muito antes de escrever estas linhas, qual paralisia ante um tsunami. Julguei que já tinha assistido a todo o tipo de comportamentos possíveis em políticos, mas estava enganado.
Pergunto se foi para isto que se fez um 25 de Abril? Tirar o poder a um grupo de direita que se apropriou do país para o entregar a um grupo de interesses do bloco central, que se apoderou do Estado, para o delapidar, democraticamente?
Mário Soares disse um dia que todos temos o direito à indignação. E tinha toda a razão.
engenheiro , membro do clube e frequente no blogue