26/01/2007

Aborto…ainda não!

GIL NUNES

Vivemos num mundo global. A multiplicação de temas faz com que os indivíduos por vezes não consigam discernir qual o assunto mais importante para ser tratado naquela altura, naquele determinado momento. Pois bem, rumando em direcção à sustentabilidade, penso que o passo fundamental será o de definição de prioridades, isto é, entrarmos numa escala de análise do mais importante para o menos importante.

Seguindo esta linha de raciocínio e olhando à nossa volta, será que a temática da interrupção voluntária da gravidez terá de ser central na nossa linha de discussões?

Pois bem, na minha opinião é a própria Mãe Natureza quem está prestes a fazer um aborto caso não se tomem medidas urgentes e definidas para que se resolvam problemas ambientais gravíssimos, como o aquecimento global. Os sinais são notórios e são já evidentes em ambos os pólos, onde as camadas de gelo estão rapidamente a desaparecer. Logicamente, e não será necessário ser um grande cientista para o afirmar, os níveis médios dos oceanos subirão e com isso muitos locais do nosso planeta tendem mesmo a flutuar no futuro. A situação é grave e mais grave ainda é ver que o tempo encurta e infelizmente o toque de alarme ainda não dado. A discussão é urgente, urgente!

É a inércia que me incomoda e mais do que isso o despejar de assuntos supérfluos por parte das entidades oficiais perante outros tópicos que realmente considero importantes de serem debatidos. A ascensão das novas potências asiáticas, por exemplo, poderá ser um rude golpe nas aspirações do nosso tecido económico, caso não sejam tomadas medidas que impeçam esta invasão brusca.

Mas temos mais…muito mais! A nossa taxa de sinistralidade continua alta; os níveis de sedentarismo, por exemplo, têm provocado um aceleramento de problemas cardiovasculares; a nossa justiça ainda funciona de modo lento, sobretudo no âmbito do entupimento dos tribunais com questões da “unha encravada”…

E agora pergunto, será que a discussão sobre o aborto é prioritária? Deixemos, de uma vez por todas, todos aqueles que foram gerados de forma consciente ou inconsciente no recanto do seu “pequeno paraíso” onde felizmente ainda tudo funciona, onde não há preocupações! Quanto a nós tratemos de arrumar a casa e, ao mesmo tempo, de criar condições para que os nossos bisnetos ainda possam viver em harmonia. E os bisnetos deles…e os bisnetos deles…

Jornalista