António Fernandes da Silva
Parabéns pelos excelentes resultados que, na minha opinião, foram conseguidos pelo colóquio “Penso - Reflector” de ontem, 2.ª Feira 16 de Outubro de 2006, sobre a complexa e motivadora área da educação.Apesar de muitos terem sido os assuntos aflorados, outros ficaram sem o ser, o que é perfeitamente compreensível e aceitável, tal é panóplia de assuntos.Na verdade, dentro dos primeiros, uns ficaram naturalmente com muitas incógnitas e outros até sem respostas, de onde não vem mal ao mundo dado o limite temporal a que estas iniciativas terão de estar sujeitas. Porém, deixaram bem visíveis a razão principal da existência deste evento:
- A reflexão sobre situações que a todos nos tocam, alunos / pais / professores / escola / organização escolar / conteúdos temáticos (das diversas disciplinas e de cada grau de ensino) / responsáveis sindicais, ministeriais e políticos eleitos com o voto expresso de um povo que pretende sair do marasmo em que se encontra, tendo como factor mais referenciado a incontornavel realidade que é a falta de meios financeiros.
- Na verdade, estou convicto que sem estes meios, a almejada paz e justiça social, o legítimo anseio de uma melhor e eficaz educação e, no fundo, o cabal e mais correcto planeamento de todas as áreas de um País, dificilmente (ou nunca) serão conseguidos, independentemente de quem conduz o destino de qualquer estado de direito !
No sector da educação e (insisto) a meu ver, existem vários factores que urge minimizar, a saber:
- A requalificação dos espaços educativos, apetrechando-os com condições de estadia para que os n/jovens e os seus educadores possam minimizar os efeitos diversos dos efeitos climatéricos nas diversas zonas geográficas do País; dotando-os de suficiente e eficaz material educativo (com mais insistência nos estabelecimentos de ensino do interior e das zonas mais desfavorecidas pela sua interioridade, pois é do conhecimento público que estas condições variam territorialmente – do litoral para o interior, dos grandes meios urbanos para os pequenos aglomerados, de Norte a Sul, do Continente para as Ilhas e, nestas, da Madeira para os Açores.
- Aprofundar o alertar das consciências para a responsabilidade que cabe
a cada um dos agentes envolvidos, nomeadamente, nos pais, pois são insubstituíveis na educação dos seus filhos, incutindo-lhes a necessidade e o dever de respeitarem os seus professores, os amigos do lado e, o respeito pela conservação de espaços, materiais manuais, etc., por eles utilizados.
- Para com os educadores, considero um erro crasso, por exemplo, o
acesso ao ensino de qualquer pessoa que, por ser possuidor de um grau académico superior e, por qualquer razão, não encontrar colocação profissional, possa ainda que legitimamente enveredar pela honrosa profissão que é ser professor. Isto porque entendo que é de capital importância a componente PEDAGÓGICA, que não é ministrada em muitos dos cursos superiores. A aceitação na profissão deveria, por tudo isto, ser antecedida dessa componente ainda que feita por sistema intensivo.
Poderei ser um iluminado em matemática, em línguas, etc. etc., no entanto, será que tenho a capacidade pedagógica para saber transmitir esses conhecimentos aos educandos ?
A culpa não pode ser imputada ao candidato a professor, porque precisa como qualquer humano, de subsistência honrada, no entanto, em consciência, a sua auto-estima, será inevitavelmente atingida. Os professores pretendem realização profissional. Apenas o poderão conseguir se obtiverem bons resultado e estes, traduzem-se pelo melhor aproveitamento conseguido por cada aluno. O professor tem de saber encontrar o melhor caminho para o conseguir. Não será através de uma avaliação não transversal que se poderão alcançar patamares desejáveis de consciencialização de estes agentes educativos.
Como em todas as actividades, também existem bons e maus profissionais. Estes últimos logicamente evidenciam medo de qualquer tipo de avaliação, aqueles aceitam uma verdadeira e correcta avaliação, desde que sejam tidos em conta todos os itens e dos vários agentes que gravitam à volta do ensino.
Não sou professor. Acompanhei no entanto, a carreira profissional de uma professora (por acaso e felizmente é minha esposa), ao longo de cerca de 35 anos de ensino no primeiro ciclo, sendo 26 destes exercidos numa pequena freguesia do Concelho da Trofa, outrora do Concelho de Santo Tirso e, por várias vezes foi objecto de inspecções (sem prévio aviso) tendo em todas elas recebido o reconhecimento do bom trabalho, vindo quer dos próprios inspectores, quer dos responsáveis educativos Concelhios quer da comunidade local (o mais gratificante). Foi esta vivência que tive que me levou a escrever tudo o que atrás foi dito. É o que me vai na alma e que reflecte o meu pensar neste domínio. Errado ? Não sei ! Se o estiver, perdoem-me !
Para terminar, uma palavra relativamente a alguns temas que não foram aflorados mas que gostaria de ver debatidos numa futura “Jornada Pensadora”:
- A necessária dinamização (na minha opinião em crescendo) do Ensino Técnico Profissional. É urgente o ressurgimento nas várias áreas profissionais destes técnicos. A sociedade está cada vez mais necessitada. É impensável que um bom mecânico, um bom carpinteiro, etc., etc., para o ser, tenha que frequentar e consolidar um curso superior.
- O Ensino Especial, que infelizmente é mais necessário a cada ano que passa, e que creio que estar a entrar em decadência, por estar a enveredar por um caminho pelo menos pouco lógico, uma vez que se está a assitir à desistência destes agentes nos ensinos secundários a fim de ingressarem no 1.º Ciclo, segundo me consta por falta de condições de funcionamento e de educação primária. Interrogo-me se não serão necessariamente diferentes os métodos incisivos de prestação dos cuidados educativos nas diversas etapas etárias de um ser humano carênciado destas ajudas específicas ? Certamente que sim, pois está provado cientificamente.
Teria sempre mais alguma coisa a dizer sobre este apaixonado tema mas já vou longo. Possivelmente foram escritas asneiras a mais. Mais uma vez, queiram aceitar o meu pedido de desculpas.
Haja confiança e espaços como este “CLUBE DOS PENSADORES”. As minhas sinceras felicitações ao Joaquim Jorge e a todos os fundadores e membros.
É esta a minha tentativa de contributo activo neste espaço social.
Bem hajam !
Membro dos Corpos Sociais daAssociação de Socorros Mútuos de S. Mamede de Infesta