07/06/2019

FILHOS DO CAPITALISMO




António Fernandes 

Ainda o rescaldo do desaire eleitoral nacional em que cerca de setenta por cento dos eleitores se abstiveram de pronunciar sobre a Europa que querem e qual o seu futuro não foi feito e já há candidatos a candidatos a um lugar na Assembleia da Republica.
Ainda paira no ar o desconforto que a situação criada causa em que os cidadãos se alhearam daquilo que é o seu direito primário elementar: o de escolher a quem confiam a missão de escrever a História das Civilizações organizadas em sociedades modernas em busca da constante melhoria da qualidade de vida e de condições de vida consentâneas com o presente sem descurar a salvaguarda do futuro em que as orientações políticas com suporte jurídico fazem regra e ditam o progresso ou o retrocesso.
Ainda não assentou a nova conjuntura correlativa dos assentos no Parlamento Europeu em que a sua configuração mudou e por isso impõe negociações profundas que não tem soluções de algibeira por não ser um cenário de todo previsível em que os verdes aumentam a sua representação conjuntamente com outras organizações políticas que não as anteriores tendo estas inclusive perdido a maioria no Parlamento de onde emanam todos os outros Órgãos por negociação e acordo.
Ainda os atores principais não interiorizaram os reais efeitos nem sequer sobre o facto concluíram o que quer que fosse.
Ainda os Eurodeputados não tomaram posse nem sequer se assentaram no Parlamento Europeu.
E...
Em Braga já há o anúncio publico de candidatura a candidato de Lista.
Não creio que este seja o melhor caminho para credibilizar os agentes políticos de ambição desmedida ou sequer reverter essa mesma ambição sendo que numa sociedade capitalista a ambição é um predicado e nunca um defeito o que a torna injusta e por isso de crédito popular demasiado baixo.
O agente político tem urgência em se afirmar pela idoneidade e lisura de comportamento para que o eleitorado lhe confira confiança. Confiança que tem sido o calcanhar de Aquiles de um conjunto bastante alargado de agentes políticos e que tem prejudicado seriamente a organização social em torno dos Partidos Políticos Institucionais ao ponto de verem a sua representatividades em queda livre em favor de outros agentes políticos cujos contornos e origem se desconhece ao ponto de alguns deles rejeitarem uma matriz ideológica como referencia estrutural de forma a que a sua real intenção política não seja percetível ao eleitorado como aconteceu com CIUDADANOS em Espanha o PAN em Portugal a extrema direita em França  Itália e Grécia entre muitos outros fatores que se articulam e conjugam de forma a que o eleitor seja seduzido e convencido a neles votar legitimando o poder e todas as medidas políticas que tomarem.
Nesta senda os tempos vindouros serão de extrema dificuldade para as novas gerações em que os setenta e cinco anos depois do dia D não auguram que a paz política e suas implicações militares estejam para durar outros tantos anos quanto os passados em que o equilíbrio social e a paz tem sido a tónica.
A denominada “geração rasca” começa agora a chegar ao poder político em massa semeando o conhecimento que colheu enfeudado a uma educação fechada de índole estrutural em um modelo de sociedade capitalista de que não se liberta por mais que o apregoe porque não existe método social de alteração da matriz cultural ainda. Salvo se por casualismo ou luta de povos por direitos acontecer um conjunto de dinâmicas propicias a que por via dessa militância a estrutura intelectual seja profundamente alterada. O que genericamente não acontece desde a Revolução de Abril de 1974.
Ora os Partidos Políticos conjuntamente com organizações sindicais e outras formas de organização emergentes das revoluções agrária e industrial tem sido ao longo da Historia recente a par de um conjunto de pensadores e filósofos os grandes propulsores das correntes do pensamento progressista que tem guindado com a robustez necessária a correlação de forças mundial no sentido da resolução das contradições constantes de um mundo com sociedades em permanente mudança.
Simplesmente o pilar estrutural do intelecto dos indivíduos não tem sido mudado no sentido de acompanhar as mudanças referidas uma vez que quem os controla são entidades conservadoras ligadas ao poder arcaico sempre em resistência tenaz.
Este é o principal motivo que tem nos filhos do capitalismo fieis e por isso seguidores. Motivo pelo qual urge reformar o conhecimento e toda a sua escola!