06/01/2011

Presidenciais e o benefício ao infrator


O caso BPN tem servido para distrair auditórios e calar responsabilidades do passado, do PSD e do presente, do PS. Não sei o que é mais grave, se os desfalques do correligionário e ex-Secretário de Estado de Cavaco, Oliveira e Costa, ou a jorrada de dinheiro que este PS derramou sobre o fúnebre banco. Onde estão os 5 mil milhões? O que o presidente nomeado pelo governo socialista para governar o BPN pós nacionalização fez este tempo todo?

Precisamente no dia em que o jornal The Economist escreve que Portugal é um dos 5 países do mundo com maior risco de não honrar com os seus credores, ou seja, entrar em bancarrota, os staffs dos candidatos que os portugueses se preparam, segundo as sondagens, para votar, exibem o que tem sido os últimos 30 anos de comportamentos políticos em Portugal.

Primeiro veio o porta-voz de Cavaco insurgir-se perante os ataques sujos que Alegre tem feito a Cavaco sobre o caso BPN e, pasme-se, o porta-voz de Alegre, veio criticar também este facto, dizendo que Cavaco é que deveria responder. Então também não deveria ser Alegre a criticar e não o seu porta-voz? Mas será que o caso não é bom para distrair os papalvos dos portugueses? Parece que sim. Serve para encobrir as asneiras que se continua a fazer no BPN, torrando dinheiro do erário público sem resultados.

Os portugueses não ousam absolutamente nada nestas presidenciais. Encaminham-se, como gado para a morte num matadouro, apostando no mesmo modelo, que levou o país a esta situação de falência eminente.

Quando emergem candidatos com perfil de independência para romper com o “status quo” dominante e se esperaria que o povo encontrasse nestes candidatos a verdadeira alternativa, surge a desilusão e o cinzentismo português à superfície.

Não se vislumbra nenhuma onda de indignação pelo regabofe a que os políticos têm votado o país. Parece que está tudo bem e o país na melhor das mãos.

A presidência da Republica é um cargo que o seu titular pode fazer muito mais do que os habitués têm feito. A sua interpretação do cargo é moldada pelos partidos que representam e estão lá para defender o modelo. Ao passo que homens como Fernando Nobre, por exemplo, já demonstrou ter sensibilidade, independência e capacidade de tomar decisões em contextos difíceis, que pode ser a chave do poder em Portugal. Mas para isso tem de ser eleito.

Pergunto-me como é possível o país estar a afundar-se por culpa dos políticos que aí estão e ser neles que, tudo indica, os portugueses se preparam para beneficiar com o seu voto. Decididamente, este povo merece o que tem.

Mário Russo