02/05/2019

Europeias:Entre a Europa Social e a Europa Neoliberal





António Fernandes 

As diretivas comunitárias e todas as linhas geras de orientação política e económica para os Estados membros que, mesmo sendo autónomos na sua aplicação, nunca serão verdadeiramente independentes porque a coesão europeia assim o dita por manifesta necessidade de estabilidade política e social se auto sustentar.
Nessa perspetiva, os socialistas e outras correntes ideológicas agrupadas no Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, para manter o rumo do progresso económico na União Europeia em que a qualidade e condição de vida das populações são a essência da sua existência, terão de aumentar a sua representação de forma a direcionar a “agulha” politica que tem vindo a adulterar o principio elementar da consistência social da União desde que os partidos políticos conservadores assumiram a liderança Grupo do Partido Popular Europeu.
São sobejamente conhecidos os motivos que estiveram na origem e trajeto da EU sendo que nuns momentos da sua História os interesses económicos do modelo capitalista se sobrepuseram aos interesses socias mesmo sendo, no tempo, alavancas do progresso e da prosperidade reconhecidos. Até porque, não fazia sentido aumentar a produção sem criar condições propicias ao consumo. Um binómio que desde sempre regulou as relações entre os Homens e destes com o meio.
Simplesmente, no atual estádio das sociedades civilizadas, o modelo capitalista é um obstáculo ao seu próprio desenvolvimento se não souber corresponder às necessidades que as novas fontes geradoras de mais valias necessitam.
A robotização liberta os cidadãos – consumidores – das suas tarefas na produção, manufatura e serviços, tidos por economia primária, secundária e terciaria, agrupadas em micro e macroeconomias, mas não gera novas formas de consumo alternativas às necessidades Humanas. O que não faria sentido na lógica do “deve” e do “haver” científico nas suas componentes económica e sociológica.
Matéria que convertida em Ciência Política traz ao de cima a discussão sobre a organização política e social da Europa e dos seus Grupos Políticos.
O Partido Popular Europeu, desde que chegou ao poder no Parlamento Europeu, cerrou fileiras em torno de uma estratégia de estagnação e consequente retorno de um processo em movimento conducente à Europa Social encetado pelos Governos Socialistas e Sociais Democratas que estiveram no cerne da constituição da CEE – Comunidade Económica Europeia do Tratado de Roma, entretanto substituídos em sufrágios nacionais por Partido Conservadores e que atualmente constituem o Partido Popular Europeu.
Uma estratégia profundamente errada para os seus interesses financeiros porque ao empurrar a Europa para uma situação de austeridade económica através da contração no consumo e do endividamento dos seus Estados Membros elencou um conjunto de sinergias de que já não havia memória: a subida das taxas de juro; a inflação homóloga; a pobreza desmedida; o desemprego; a instabilidade social; que, parecendo ser do seu interesse se revelou completamente ao arrepio desses mesmos interesses.
Esta conjuntura gerou no cidadão comum e, no eleitor, motivos de desconfiança nas estruturas partidárias face a resultados produzidos e, por isso, assistimos ao emergir e ascensão de movimentos políticos inorgânicos sem controlo político partidário e em simultâneo, ao desmoronar dos partidos políticos convencionais sem que as soluções encontradas surtam qualquer efeito nos Países onde surgiram.
Sobram por isso, à Europa, duas alternativas:
- Retomar o rumo da Europa Social;
Ou,
- Retroceder a História da Humanidade e das suas civilizações no seu espaço e continuar a implementar políticas conducentes a uma Europa Neoliberal;
Neste contexto, os Partidos Socialistas e os seus congéneres na Europa estão confrontados com o resultado eleitoral que conseguirem nas próximas eleições.
Desse resultado vai depender a sua representatividade no Parlamento Europeu e demais Órgãos dele emanados.
Aos partidos neoliberais, do espetro politico do centro - direita e da direita - ultra, basta segurarem as condições populistas existentes para manter a sua atual posição de poder.