18/02/2019

Braga, uma cidade perdida em promessas por cumprir II



António Fernandes 
Eis que, surge vontade edil em vender o estádio Municipal de Braga. Uma vontade já expressa, mas que o cidadão atento pensou ser um mero exercício “literário” do discorrer avulso da pena do edil em exercício. Enganou-se.

Afinal, o edil, quer mesmo vender o Estádio Municipal de Braga. Um atentado ao Património arquitetónico da cidade que também parece passar ao lado do pelouro detido pelo até então defensor acérrimo da memória coletiva. Um professor universitário com responsabilidade social acrescida não só pelo cargo, exercício ou outro, mas sobretudo pelos anos de vida que dedicou à defesa daquilo que hoje, aparentemente, ignora.

A cultura local vai-se adulterando acantonada em motivos estranhos à sua identidade cultural construída em torno de tradições populares para dar espaço a que a aculturação seja por demais evidente.O ambiente acompanha as alterações climáticas ao sabor da boa ou má disposição porque esse fenómeno não sendo um fenómeno circunstancial é uma consequência das “modernices” mal pensadas, pior projetadas e, erradamente concretizadas, porque esta vida são dois dias e o de hoje já conta por isso quem vier atrás que feche a porta.

A cidade social passeia-se por entre palestras de circunstância enquanto que as IPSS’s trabalham no duro e a Rede Social se esboroou no tempo.Do desporto não é visível qualquer movimento de fomentação nas camadas jovens de qualquer atividade em permanência, tanto na malha urbana como na malha periférica. Suburbana e rural. Em pouco mais de seis anos, a cidade dos costumes, como já referido, virou do avesso só porque um edil entendeu que se podem cortar com as raízes e manter o cordão umbilical vivo.

Coisa estranha. Pensei que, cortadas as raízes, tudo o resto morria. Não o entende assim o edil e, se assim o não entende, jamais repensará o rumo que entendeu traçar para a cidade.O impossível, aconteceu.A cidade das tradições religiosas adormeceu para dar lugar à cidade da confusão e do barulho.O recato foi extirpado para dar lugar à vaidade desmedida de uns; ao pagode de outros; e ao forrobodó dominante que se instituiu.

Um descalabro muito bem ensaiado nos bastidores dos interesses conjugados entre o poder financeiro e os então candidatos a um exercício que parecendo de somenos importância envolve a vida de uma comunidade de quase duas centenas de milhar de cidadãos em uma cidade com cerca de dois mil anos de existência.

O cidadão não sabe quando lhe vão fechar a passagem no acesso à cidade ou abalar com os tímpanos só porque vai haver um evento que pode ser: ciclismo; automobilismo; atletismo; festa avulsa; festival diverso;

O cidadão não sabe quando vai haver mais alguma descarga poluente no Rio Este porque, pode acontecer a qualquer momento e não devia;

O cidadão não sabe quando vai ser impedido do acesso a um espaço publico porque foi congestionado;

O cidadão não sabe se os impostos que paga são para uso comum ou para benefício futuro de um qualquer grupo económico privado;

O cidadão não sabe. Mas, será que quer saber?

- Parece que não.

Já se cansou de tantas promessas que não acredita na sua concretização e muito menos em quem as faz.

Talvez por isso, tenha surgido o ditado popular: “Quando a esmola é grande, o pobre desconfia!”.