foto de Africa.com |
Caça ao português em Angola a partir do dia 30...
Isto está a aquecer muito e agora com esta tomada de
posição devidamente assumida a ameaça já me parece ser mais séria. Circula nas redes sociais.
=============
DECLARAÇÃO DE TOMADA DE POSIÇÃO
Nós, os cidadãos autores e subscritores da presente
declaração, servimo-nos da mesma para manifestar o nosso mais veemente repúdio
pela agressão de que foram alvo cidadãos Angolanos residentes no Bairro da
Jamaica, Seixal (Portugal), levada a cabo por agentes da Polícia de Segurança
Pública (PSP), a 19 de Janeiro do ano em curso.
Expressamos igualmente veemente repúdio às incontáveis
manifestações de xenofobia e racismo, feitas por cidadãos portugueses, por
escrito e por áudio, contra as vítimas do Bairro da Jamaica e, como tal, contra
todos os Angolanos e todas as outras pessoas negras. Quem ataca um Negro, ataca
todos os outros Negros.
A inqualificáveis declarações de xenofobia e racismo,
proferidas de forma franca por cidadãos portugueses de diversos estratos
sociais, constituem na verdade a expressão do que os portugueses em geral
pensam e sentem realmente sobre os Negros, sejam Angolanos ou não, como
inferimos nos seguintes enunciados, dos muitos proferidos na rede social
Facebook:
«Estas pessoas vêm para um país que lhes dá tudo, e é
assim que nos agradecem . . . se não estão felizes podem voltar para o seu
paraíso chamado África» (Rodrigo Novais).
«Acolheram esta gente, agora aguentem as consequências .
. . Portugal e o seu multiculturalismo [. . .]» (Silvia Tavares).
«Meteram os macacos em zona urbana e eles ficaram
agitados; claro [que] não gostaram da presença humana» (Manuel Batata).
Os portugueses mantêm um pensamento racista de proporções
inenarráveis, condimentado por sentimentos de ódio, desprezo e deboche do tipo
hegeliano pela figura do ente Negro, sua civilização e sua História.
Os discursos xenófobos e racistas decorrentes dos
acontecimentos do Bairro da Jamaica permitem compreender que, ao contrário do
que as autoridades portuguesas tentam transmitir, não são apenas infelizes
casos isolados. Antes, pelo contrário, são uma amostra mais do que relevante e
suficiente que confirma que os portugueses – na sua generalidade – são
essencialmente racistas, e já não é possível esconder este facto.
Neste sentido, exigimos:
1. Que o Estado angolano faça um protesto ao Estado
português pela brutalidade de que foram vítimas cidadãos Angolanos residentes
no Bairro da Jamaica e pelo generalizado discurso xenófobo e racista que tem
sido produzido por cidadãos e cidadãs portugueses;
2. Que o Estado angolano exija do Estado português a
responsabilização civil e criminal dos cidadãos portugueses autores
(devidamente identificados) de tão hediondas declarações racistas;
3. Que o Estado angolano proceda ao levantamento do
número de portugueses residentes em Angola, a fim de averiguar a legalidade da
sua condição migratória e a legalidade das actividades económicas que
desenvolvem no país;
4. Que o Estado angolano proceda sem contemplações à
expulsão de todos os cidadãos portugueses que se encontram a residir em Angola
de forma ilegal.
Entrementes, em defesa da dignidade dos nossos
concidadãos vítimas da brutalidade policial em Portugal e em defesa da nossa
dignidade e honra como Nação Negra, fazemos conhecer ao Estado angolano que,
caso se mantenha impávido e ignore as nossas lídimas exigências, procederemos
da seguinte maneira:
1. Realização de uma série de manifestações diante da
Embaixada de Portugal em Angola, localizada na Avenida de Portugal (Luanda), e
diante do Consulado de Portugal em Benguela;
2. Boicote sistemático aos produtos e serviços de
estabelecimentos comerciais portugueses – não comprar nada nem pagar serviços
oriundos de estabelecimentos comerciais pertencentes a portugueses;
3. Caça aos portugueses.
Não aceitamos reagir de forma silenciosa e subserviente
aos actos de brutalidade da PSP contra os nossos concidadãos em Portugal nem
aos insultos racistas dos cidadãos portugueses, os quais esqueceram-se de que
vivem em Angola centenas de milhares de portugueses, que estão à nossa mercê e
com os quais poderemos fazer o que quisermos em defesa da nossa dignidade.
Não somos dos que aceitam como axiologia absoluta e
intemporal a regra de não pagar pela mesma moeda o mal que nos é feito por
outros, porquanto, os outros, habituados a (neo)colonizar, insultar e humilhar
conhecem apenas um lado da moeda – a agressão – e continuam a demonstrar que
não aprendem (não conhecem o outro lado da moeda) a menos que sejam submetidos
às mesmas sevícias a que nos têm submetido ao longo de séculos.
Sempre, mesmo sendo vítimas de um sistema explorador e
racista, foi pedido aos nossos antepassados para que, em nome de uma ética que
beneficia o opressor, fossem pacientes e suportassem as agressões sem revidar.
E continuam a pedir-nos o mesmo, alegando que devemos ter cuidado.
Quem, afinal, deve ter cuidado?
Os agressores e seus descendentes nunca tiveram cuidado
ao ocuparem a nossa terra; nunca tiveram cuidado ao pilharem nossas riquezas;
nunca tiveram cuidado ao ajudarem a manter no poder gente da nossa cor, mas que
é aliada dos agressores e que facilita o processo de alienação que eterniza o
nosso sofrimento espiritual e material como Angolanos e Africanos; nunca
tiveram cuidado ao tratarem-nos como macacos, logo, não vamos ser nós a ter
cuidado ao reagir às agressões animalizantes dos portugueses e sua polícia.
NOTA IMPORTANTE: se o governo Angolano não se pronunciar
até 30 de Janeiro de 2019, desencadearemos as acções anunciadas acima.
Declaração entregue e protocolada à:
- Presidência da República
- Assembleia Nacional
- Ministério do Interior
- Ministério das Relações Internacionais
UM EM NÓS, NÓS EM UM!
Luanda, 24 de Janeiro de 2019
Os subscritores
Nuno Álvaro Dala
Júnior Tomás
Afonso Gaspar Rocha
Disakala Ventura "Di Ventura Dissa"
Fanuel E. T. Da Gama
Benedito J. “Dito Dalí”
António Dembo
Luís Paulo
Afonso Matias “Mbanza Hamza”
Dádiva Francisco