Valdemar F. Ribeiro* |
O novo governo angolano decretou
a OPERAÇÃO “RESGATE” em toda a Angola, a partir do dia seis de Novembro de
2018.
Com certeza Angola precisa
muito de uma operação de resgate da moralidade perdida nestes últimos anos.
Esta moralidade foi perdida
com a conivência de alguns poucos angolanos e das Instituições do Estado e
naturalmente pelas guerras coloniais e fratricidas, antes e após a
independência.
Antes da independência, o
colonialismo era uma imoralidade e Angola conseguiu resgatar-se, com seu
sangue, ultrapassar essa realidade e construir a Nação, mesmo diante de herança
colonial injusta e exaurida de recursos humanos e de recursos financeiros.
Em Novembro de 2018, o novo Governo
angolano liderado pelo Presidente General João Lourenço, necessitou de fazer
novamente um resgate de valores morais, após mais de quarenta anos de
independência, aonde a população angolana em geral pouco tem beneficiado das
enormes riquezas potenciais deste país e apenas alguns ditos angolanos se
beneficiaram dessa mesma riqueza financeira.
É preciso muito cuidado e
sapiência neste novo resgate da moralidade angolana, por parte das Instituições
governamentais, e definirem-se muito bem as prioridades nesta operação, para não continuar
a haver injustiça contra os mais desfavorecidas, contra a população em geral,
que pouco tem beneficiado das potenciais riquezas de Angola durante estes anos.
Há uma maioria da população
que é obrigada a andar nas ruas à procura de um mísero sustento pois além de
haver falta de empregos, muitos deles não têm formação escolar alguma, não têm acesso
a boas escolas, não têm acesso a bons cuidados de saúde, não têm acesso a boa
alimentação, a boa casa, etc.
No meio desta multidão há
também muitos bandidos, de todas as raças e camadas sociais e é muito
importante que as Instituições saibam separar o trigo do joio e nisto é
necessária haver muita sapiência e muito cuidado.
Este dito resgate vai
certamente atingir esta maioria populacional desprotegida pelo sistema.
Deseja-se que a operação
“resgate” contra a corrupção venha a recuperar os valores morais e financeiros
destruídos pela minoria que se beneficiou do sistema financeiro durante estes
mais de quarenta anos.
Neste “resgate”, antes de mais
é preciso limpar o crime nos bairros, limpar os locais aonde se vendem produtos
roubados, limpar os lixos das cidades, impôr a ordem no trânsito, as
administrações governamentais dos bairros devem sair de seus gabinetes de luxo e
fiscalizarem sem corrupção os locais aonde devem funcionar ordenadamente a
economia e as residências.
É preciso verificar se os
locais têm dignidade e sanidade, se os bairros têm acesso a água potável e
energia, se a energia não anda a ser entregue a chineses e depois revendida por
estes aos angolanos mais pobres, se as lojas dos chineses, nigerianos,
libaneses e outros, funcionam com documentação legal e se pagam impostos e se
cumprem com as regras de sanidade, quais são os angolanos que protegem estes crimes e estas ilegalidades em prejuízo dos
angolanos que se esforçam em trabalhar dentro da lei e da ordem, etc.
Mais urgente ainda neste
“resgate” é ver a Instituição policial ir ao terreno, em todos os bairros e em
todos os horários e desafiarem os bandidos que aterrorizam e atormentam a vida
dos trabalhadores e da população em geral , principalmente nos bairros
populares e este resgate é o mais urgente.
Após isto, devem as
Instituições governamentais resgatar a dignidade dos cemitérios, respeitando-se
os mortos, aqueles que deram sua vida por esta Nação, pois sem respeito aos
mortos também não há respeito pelos vivos.
Resgatar a moralidade na recolha
do lixo nas cidades, vilas e aldeias, resgatar a moralidade da policia,
resgatar a moralidade dos serviços públicos, resgatar a imoralidade de se ver responsáveis
do governo, em todas as Províncias, roubarem o dinheiro das merendas escolares
e dos salários dos professores exauridos e com isso muitas crianças morrerem de
fome e falta de saúde, etc.
Resgatar eliminando-se a
construção de bairros anárquicos, resgatar o saneamento básico nos novos
bairros, resgatar a economia nacional apoiando devidamente as empresas
nacionais de qualidade e que já labutam e sobrevivem nesta difícil economia
angolana.
Antes de se tomarem medidas
contra as populações que ganham seu sustento em locais impróprios, é
necessário que o Governo crie as condições mínimas sociais no sentido de voltar
a haver moralidade publica e depois então ordenar às populações que funcionem
apenas em locais de trabalho próprias e obtenham seu sustento com dignidade e
sanidade.
É preciso fazer esta operação
de resgate com toda a dignidade e saber definir as prioridades das ações dos
organismos que as vão executar e desse modo o novo Governo angolano, bem
intencionado, pode resgatar sua credibilidade e sua moralidade e certamente
então a população, com o bom exemplo institucional, fará o mesmo e dará mais
apoio a esta iniciativa muito importante.
É o que se deseja.
*Economista, ambientalista,
empresário industrial