02/11/2018

ANGOLA 2018 - RESGATE DA MORALIDADE PÚBLICA





Valdemar F. Ribeiro*
O novo governo angolano decretou a OPERAÇÃO “RESGATE” em toda a Angola, a partir do dia seis de Novembro de 2018.
Com certeza Angola precisa muito de uma operação de resgate da moralidade perdida nestes últimos anos.
Esta moralidade foi perdida com a conivência de alguns poucos angolanos e das Instituições do Estado e naturalmente pelas guerras coloniais e fratricidas, antes e após a independência.
Antes da independência, o colonialismo era uma imoralidade e Angola conseguiu resgatar-se, com seu sangue, ultrapassar essa realidade e construir a Nação, mesmo diante de herança colonial injusta e exaurida de recursos humanos e de recursos financeiros.
Em Novembro de 2018, o novo Governo angolano liderado pelo Presidente General João Lourenço, necessitou de fazer novamente um resgate de valores morais, após mais de quarenta anos de independência, aonde a população angolana em geral pouco tem beneficiado das enormes riquezas potenciais deste país e apenas alguns ditos angolanos se beneficiaram dessa mesma riqueza financeira.
É preciso muito cuidado e sapiência neste novo resgate da moralidade angolana, por parte das Instituições governamentais, e definirem-se muito bem  as prioridades nesta operação, para não continuar a haver injustiça contra os mais desfavorecidas, contra a população em geral, que pouco tem beneficiado das potenciais riquezas de Angola durante estes anos.
Há uma maioria da população que é obrigada a andar nas ruas à procura de um mísero sustento pois além de haver falta de empregos, muitos deles não têm formação escolar alguma, não têm acesso a boas escolas, não têm acesso a bons cuidados de saúde, não têm acesso a boa alimentação, a boa casa, etc.
No meio desta multidão há também muitos bandidos, de todas as raças e camadas sociais e é muito importante que as Instituições saibam separar o trigo do joio e nisto é necessária haver muita sapiência e muito cuidado.
Este dito resgate vai certamente atingir esta maioria populacional desprotegida pelo sistema.
Deseja-se que a operação “resgate” contra a corrupção venha a recuperar os valores morais e financeiros destruídos pela minoria que se beneficiou do sistema financeiro durante estes mais de quarenta anos.
Neste “resgate”, antes de mais é preciso limpar o crime nos bairros, limpar os locais aonde se vendem produtos roubados, limpar os lixos das cidades, impôr a ordem no trânsito, as administrações governamentais dos bairros devem sair de seus gabinetes de luxo e fiscalizarem sem corrupção os locais aonde devem funcionar ordenadamente a economia e as residências.
É preciso verificar se os locais têm dignidade e sanidade, se os bairros têm acesso a água potável e energia, se a energia não anda a ser entregue a chineses e depois revendida por estes aos angolanos mais pobres, se as lojas dos chineses, nigerianos, libaneses e outros, funcionam com documentação legal e se pagam impostos e se cumprem com as regras de sanidade, quais são os angolanos que protegem estes crimes  e estas ilegalidades em prejuízo dos angolanos que se esforçam em trabalhar dentro da lei e da ordem, etc.
Mais urgente ainda neste “resgate” é ver a Instituição policial ir ao terreno, em todos os bairros e em todos os horários e desafiarem os bandidos que aterrorizam e atormentam a vida dos trabalhadores e da população em geral , principalmente nos bairros populares e este resgate é o mais urgente.
Após isto, devem as Instituições governamentais resgatar a dignidade dos cemitérios, respeitando-se os mortos, aqueles que deram sua vida por esta Nação, pois sem respeito aos mortos também não há respeito pelos vivos.
Resgatar a moralidade na recolha do lixo nas cidades, vilas e aldeias, resgatar a moralidade da policia, resgatar a moralidade dos serviços públicos, resgatar a imoralidade de se ver responsáveis do governo, em todas as Províncias, roubarem o dinheiro das merendas escolares e dos salários dos professores exauridos e com isso muitas crianças morrerem de fome e falta de saúde, etc.
Resgatar eliminando-se a construção de bairros anárquicos, resgatar o saneamento básico nos novos bairros, resgatar a economia nacional apoiando devidamente as empresas nacionais de qualidade e que já labutam e sobrevivem nesta difícil economia angolana.
Antes de se tomarem medidas contra as populações que ganham seu sustento em locais impróprios, é necessário que o Governo crie as condições mínimas sociais no sentido de voltar a haver moralidade publica e depois então ordenar às populações que funcionem apenas em locais de trabalho próprias e obtenham seu sustento com dignidade e sanidade.
É preciso fazer esta operação de resgate com toda a dignidade e saber definir as prioridades das ações dos organismos que as vão executar e desse modo o novo Governo angolano, bem intencionado, pode resgatar sua credibilidade e sua moralidade e certamente então a população, com o bom exemplo institucional, fará o mesmo e dará mais apoio a esta iniciativa muito importante.
É o que se deseja.
*Economista, ambientalista, empresário industrial