António Fernandes |
Aconteceu em pouco mais de quatro anos e
meio uma mudança que transformou uma cidade de costumes e com regras em uma
cidade que não quer saber dos costumes e muito menos das regras.
Onde vale tudo desde que as consequências
se enquadrem no âmbito dos objetivos e de identidade com os dos poderes em
exercício:
Imediatismo social;
Protagonismo nacional;
Ascensão política;
Um triângulo de interesses onde não cabem
alguns dos valores fundamentais de uma sociedade que se quer moderna e
preparada para os embates futuros:
solidariedade;
razoabilidade;
justiça;
A confusão geral, porque é no meio da
confusão que as pessoas de ideias parcas melhor se movimentam disfarçando esse
deficit de cognição e de discernimento para aquilo que envolve o exercício de
uma função publica num contexto exigente como o é a de um agente político
eleito para resolver assuntos e nunca para os agravar, impera.
A cidade definha e a paródia avança ao ritmo
da mediocridade que alguns "canudos" até podem encobrir, mas que de
maneira alguma disfarçam como aconteceu com a vontade de um determinado cidadão
em ter a principal sala da cidade arrumada e que agora alturas há em que já não
sabe o que mais lá meter.
A defesa do Património passou-lhe para os
calcanhares e pese-lhe a vergonha de aparecer regularmente nas estampas lá vai
aparecendo amiúde onde entra mudo e sai calado.
A cultura aculturou acantonada em eventos
do passado sem qualquer ideia de futuro.
O ambiente acompanha as alterações
climáticas ao sabor da boa ou má disposição porque esse fenómeno não sendo um
fenómeno circunstancial é uma consequência das modernices mal pensadas e pior
projetadas porque esta vida são dois dias e o de hoje já conta por isso quem
vier atrás que feche a porta.
Em pouco mais de quatro anos a cidade dos
costumes virou do avesso só porque um edil entendeu que se pode cortar com as
raízes e manter o cordão umbilical.
Para o edil as cidades cosmopolitas estão
na moda. Um autêntico logro.
Aquilo que acontece é a existência de um
processo de multiculturalidade e interculturalidade racial em construção nas
grandes capitais Europeias como solução de equilíbrio social presente e de
futuro.
As cidades cosmopolitas são cidades fantasmas.
Não tem vida própria. São ponto de passagem de vida em movimento permanente que
é coisa em ponto de viragem para a grande maioria dos responsáveis políticos
locais na justa medida em que estão tentando dar-lhes vida fixando vida no seu
seio e empurrando para a periferia a indústria e alguns serviços.
andamos precisamente ao contrário daquilo
que é a diretriz política do bom senso e da razão em gestão pública das grandes
metrópoles.
Esta condição fez com que uma pacata
cidade de residência se sinta sob ameaça permanente de maus tratos
generalizados perpetrados pela autarquia sobre a qualidade de vida que tinha e
a que os Bracarenses estavam habituados e que desse estatuto gozaram ao ponto
de a cidade ter sido nacional e internacionalmente reconhecida como como sendo
uma das cidades no mundo com melhor qualidade de vida ao ponto de a referência:
“É bom viver em Braga.” ser uma imagem de marca do sucesso obtido ao longo de
um árduo trabalho autárquico de quase quatro décadas.
Bastou-lhe mudar a liderança política
autárquica Concelhia para que o descalabro acontecesse.
O impossível, aconteceu.
A cidade das tradições religiosas
adormeceu para dar lugar à cidade da confusão e do barulho.
O recato foi extirpado para dar lugar à
vaidade desmedida de uns; ao pagode de outros; e ao forrobodó dominante que se
instituiu.
Um descalabro muito bem ensaiado nos
bastidores dos interesses conjugados entre o poder financeiro e os então
candidatos a um exercício que parecendo de somenos importância envolve a vida
de uma comunidade de quase duas centenas de milhar de cidadãos em uma cidade
com cerca de dois mil anos de existência.
O cidadão não sabe quando lhe vão fechar a
passagem no acesso à cidade ou abalar com os tímpanos só porque vai haver um
evento de: ciclismo; automobilismo; atletismo; festival diverso; festa avulsa;
O cidadão não sabe quando vai haver mais
alguma descarga poluente no Rio Este porque pode sempre acontecer e não devia;
O cidadão não sabe quando vai ser impedido
do acesso a um espaço publico porque foi concessionado;
O cidadão não sabe se os impostos que paga
são para uso comum ou para benefício futuro de um qualquer grupo económico
privado;
O cidadão não sabe, mas será que quer
saber?