António Fernandes |
Segundo aquilo que disse o destacado dirigente do PPD/PSD:
“estava à espera de que fossem tomadas medidas”, em entrevista concedida, Rui
Rio, não podia ter sido mais claro: sabia o que se passou em Tancos no que toca
ao desaparecimento de armas e que só estava à espera de que fossem tomadas
medidas judiciais ajustadas para apuramento dos contornos em que o citado roubo
e posterior desenvolvimento aconteceu.
É uma constatação demasiados grave no atual panorama social
e político mas, e sobre maneira, na esfera militar, porque coloca em causa toda
a estrutura de segurança nacional que é, como sabemos, responsabilidade da
esfera do Governo e por conseguinte do seu Primeiro Ministro mas, também, do
Comandante Supremo da Forças Armadas que é o Senhor Presidente da Republica e
que veio de imediato, publicamente, pedir o apuramento inequívoco de
responsabilidades.
A segurança Nacional não é uma coisa comezinha como a
política partidária se presta a ser.
A segurança Nacional é o pilar essencial da garantia da paz
e da estabilidade do Estado onde a Nação vive e convive sem preocupações num
contexto de coabitação pacifica no território confiando nas suas forças de
segurança onde o papel das forças armadas é determinante por estar vocacionado
para a garantia da defesa do País em caso de desestabilização política
internacional conducente a um estado de guerra.
Neste contexto, Rui Rio, a meu ver, tinha a obrigação
política de informar o País sobre o que disse saber, independentemente das
consequências eleitorais que presumo acautelou em detrimento da instabilidade
vivida no tempo e que, em contrapartida, desleixou a segurança nacional assim
como a credibilidade nas instituições.
A ser verdade aquilo que os serviços noticiosos veicularam,
Rui Rio não só coloca em causa a sua responsabilização enquanto figura do
Estado, como deixa a dúvida no eleitorado sobre a autoridade moral de alguns
agentes políticos candidatos a Primeiro Ministro e outras figuras com
proeminência publica, reforçando o descrédito generalizado do eleitorado e do
cidadão comum que assim vê um castelo de cartas que pensava seguro,
desmoronar-se à sua volta por estarem envolvidas figuras que deviam zelar pela
justiça e não, presumivelmente, violá-la, uma vez que foram detidos.
Assim sendo, um País onde afinal aquilo que de grave
acontece é do conhecimento de alguns dos agentes políticos, deixando inclusive
a dúvida sobe se, aquilo que acontece e o que aconteceu, não terão como objetivo
ultimo o descrédito das Instituições e por essa via o descrédito da organização
política e social do Estado colocando o Governo da Nação em causa visando o
combate político desleal, demasiado baixo, uma vez que deixa em alvoroço as
populações provocando instabilidade na sociedade Portuguesa cujas consequências
são sempre imprevisíveis, é uma dúvida justa porque a instabilidade política:
-
Só serve os agentes políticos.
-
Não serve as populações.
-
Só serve os interesses económicos.
-
Não responde às necessidades das populações.
-
Só serve anseios de conquista do poder.
-
Não serve os anseios das populações.
Este comportamento político coloca a nu a estrutura cultural
que auréola a classe política dirigente que envolve nestes processos obscuros
profissionais dos ramos das forças armadas de que não se sabe e se duvida que
os envolvidos saibam quais são os interesses que se movimentam por detrás
dessas manobras de diversão que são graves, porque colocam em causa a segurança
do Estado pela dúvida pública levantada sobre a hipotética hipótese de ato
terrorista ou de negócios clandestino de armas para movimentos extremistas cujo
objetivo é o de colocar em causa o equilíbrio social do Estado tendo como fim a
instauração de uma ditadura.
A admissão implícita do conhecimento destes factos é algo de
inimaginável numa sociedade desenvolvida e culturalmente avançada ao ponto de
ser questionável o facto de quem admite ser conhecedor, só “esperar que sejam
tomadas medidas”.
Surreal!
É que nem sequer se admite a possibilidade de alguém, sano,
acreditar que, depois de um assalto a uma instalação militar que se presume ser
um dos paióis mais importantes do País, alguém admita saber o que aconteceu, só
porque deduz não conhecer os contornos, fique calado e venha agora
vangloriar-se de que estava à espera que a justiça funcionasse.
Incrível!
Inacreditável!
Inimaginável!
Mas, aconteceu. Em Portugal. Para nosso espanto, completo
desnorte e, suplício….
“A 9 de Setembro, numa intervenção no encerramento da Universidade
de Verão do PSD, Rui Rio pedia celeridade
à investigação ao roubo em Tancos. Revelava
também que, sobre o assunto, não dizia tudo o que sabia. Repetiu-o dois
dias depois: “Tenho outras
informações, mas não posso dizer.” Ontem, já depois da operação
desencadeada pela PJ, Rio afirmou que
já estava "à espera" do que se passou na terça-feira.” Fonte: PUBLICO