10/07/2018

Este estado de coisas



Paulo Andrade*
Como sabem , há os estados socialistas, os estados ditos comunistas, os estados capitalistas e há o estado a que chegámos” 
Terão sido estas as palavras proferidas por S.Maia na madrugada revolucionária. Mesmo que fosse vivo não imaginaria sequer a atualidade e utilidade das mesmas. 
Sou mais novo que a nossa democracia, contudo fico pasmo quando um olhar mais atento, mais crítico e mais investigativo me revela que, afinal de contas, esta democracia está fortemente indexada e submissa a 3 das principais características de um estado ditatorial.  
É com tristeza (mas já não com perplexidade), que verifico que os democratas pós 25 mais não fizeram do que provocar o divórcio do cidadão com um dos direitos fundamentais das democracias saudáveis. O divórcio do cidadão com o direito de voto ! Consequentemente o divórcio das pessoas com a sua intervenção no meio político e social, em causas que sejam universais, ou seja, causas para todos e não apenas para setores da sociedade. 
Um olhar mais atento é possível verificar que as estatísticas da abstenção têm registado um acréscimo imparável desde 1980. Situam-se neste momento quase nos 45% (referente a 2015). Um país com meros 10 milhões de habitantes, significa que mais de 4 milhões não votam! 4 MILHÕES !  
A que se deve este divórcio dos eleitores com o direito ( e o dever) de voto ? 
Penso que se deve, fundamentalmente,ao exercício reiterado de governo, ancorado  às 3 principais características , habituais e expectáveis nos designados “estados ditatoriais”, às quais fiz referência alguns parágrafos antes. 
Andamos demasiado iludidos com a democracia. A nossa ! 
Abundam nela estas 3 características, que são a Autocracia, Corporativismo e Autoritarismo. 
A Autocracia é materializada ( e exercida) , numa lógica de poder absoluto de “castas” partidárias que se baseiam num fisiologismo doentio, reiterado dos intervenientes partidários e do governo. A autocracia exercida desta forma culmina depois num despotismo (não iluminado), que obriga a maioria contribuinte a pagar todas as decisões erróneas provenientes de uma gestão danosa e de favorecimento típico, aspetos tão comuns nas castas onde o tal fisiologismo se perpetua. Números, estudos e estatísticas enviesadas servem um propósito único de manter as costumeiras castas no poder ( com o necessário apoio de uma plutocracia que atua à socapa), para que o poder autocrático nunca fuja às castas costumeiras. Assistimos recentemente a um excelente exemplo do poder autocrático instalado.Refiro-me à questão dos negócios “underground” que estavam a ser levados a cabo pelos partidos,  relativamente à questão contributiva nos bens partidários. Apenas demonstraram indignação quando foram descobertos, mas andavam todos a fazer o costumeiro conciliábulo (não tenho vocábulo melhor),  para esconder do povo, especialmente o povo contribuinte, as suas reais intenções no que é relativo à questão contributiva dos partidos. 

* Licenciado em Osteopatia, Naturopata, articulista da Revista Saúde Atual e Técnico de Emergência Médica