António Fernandes |
Há por aí uma nova forma de esculpir a "pedra"
em que parte da massa cerebral se transformou independentemente da
escolaridade, idade, ascendência social, exercício profissional, ou outro.
O meu avô, mestre pedreiro, de nome Manuel Fernandes, já
falecido, que esculpiu parte da estatuária existente no Bom Jesus do Monte,
cedo se habituou a lavrar com cinzel pedaços de granito com a dimensão ajustada
ao artefacto pretendido.
Outros tempos. Tempos em que a educação ministrada pelo
regime só estava ao alcance de alguns, por isso, a liberdade e criatividade do
pensamento intelectual era autodidata.
Com os novos tempos, a formatação do intelecto progrediu
no sentido do conhecimento, mas regrediu naquilo que são os valores Humanos.
Importa por isso fazer ato de contrição e perceber o que
se passou no ensino nas ultimas quatro décadas.
Porque os exemplos com que nos defrontamos são maus de
mais para que se conclua com ligeireza única e exclusivamente responsabilidade
política sabendo nós que os políticos que temos são um produto resultado.
A classe docente que emergiu de um processo com
necessidades especificas ao tempo não se preocupou o suficiente com a
excelência que a sua responsabilidade inerente obrigava e, quatro décadas
depois, os resultados estão aí:
- Falta de autoestima;
- Falta de referencias;
- Falta de confiança;
- Falta de iniciativa;
- Falta de vontade;
- Falta de soluções;
- Falta de capacidade de autocrítica;
- Falta de capacidade em assumir os erros cometidos; Num
vasto leque de limitação autónoma conhecida.
Formou-se um "exército" de técnicos servis em
qualquer parte do globo.
O que não se foi capaz de formar foi uma geração de
Homens genuínos preparados para enfrentar, corrigir e resolver vicissitudes
surgidas com a alteração de hábitos, usos e costumes, em função da nova
realidade implícita à exploração e transformação dos bens essenciais à vida.
A realidade é outra.
As necessidades são outras.
A organização social é outra.
Esta perceção por parte do poder, visível e oculto mais
conservador, faz com que a estratégia dos políticos da atualidade se mova em
defesa do ensino privado.
Condição que obriga, no espectro nacional, a que haja
retrocesso do sistema educativo publico porque o interesse instalado passou a
ser dominante.
Tornando assim impossível a planificação transversal ao
território nacional daquilo que são os valores da identificação solidária com a
visão de projeção social para um modelo de sociedade mais justo e equitativo.
É óbvio que essa nova conjuntura depende sempre da
competência, conhecimento e capacidade dos profissionais envolvidos.
Simplesmente, a necessidade conjugada não lhes é favorável e por isso tenderão
a ceder a pressões económicas de dimensão financeira superior.
Não se trata já de quem financia. Do que se trata é: dos
interesses em jogo. Os de quem financia e os de quem quer continuar a exercer o
poder.
Um raciocínio lógico de quem, o que pretende, é travar o acesso ao
conhecimento porque, é o conhecimento que abre as portas da liberdade Humana.
No que toca à expressão cultural, já a condicionaram
financeira e socialmente, há séculos!