09/05/2018

A pedra é como a educação, também se trabalha




António Fernandes 
Há por aí uma nova forma de esculpir a "pedra" em que parte da massa cerebral se transformou independentemente da escolaridade, idade, ascendência social, exercício profissional, ou outro.

O meu avô, mestre pedreiro, de nome Manuel Fernandes, já falecido, que esculpiu parte da estatuária existente no Bom Jesus do Monte, cedo se habituou a lavrar com cinzel pedaços de granito com a dimensão ajustada ao artefacto pretendido.
Outros tempos. Tempos em que a educação ministrada pelo regime só estava ao alcance de alguns, por isso, a liberdade e criatividade do pensamento intelectual era autodidata.
Com os novos tempos, a formatação do intelecto progrediu no sentido do conhecimento, mas regrediu naquilo que são os valores Humanos.
Importa por isso fazer ato de contrição e perceber o que se passou no ensino nas ultimas quatro décadas.
Porque os exemplos com que nos defrontamos são maus de mais para que se conclua com ligeireza única e exclusivamente responsabilidade política sabendo nós que os políticos que temos são um produto resultado.

A classe docente que emergiu de um processo com necessidades especificas ao tempo não se preocupou o suficiente com a excelência que a sua responsabilidade inerente obrigava e, quatro décadas depois, os resultados estão aí:
- Falta de autoestima;
- Falta de referencias;
- Falta de confiança;
- Falta de iniciativa;
- Falta de vontade;
- Falta de soluções;
- Falta de capacidade de autocrítica;
- Falta de capacidade em assumir os erros cometidos; Num vasto leque de limitação autónoma conhecida.
Formou-se um "exército" de técnicos servis em qualquer parte do globo.
O que não se foi capaz de formar foi uma geração de Homens genuínos preparados para enfrentar, corrigir e resolver vicissitudes surgidas com a alteração de hábitos, usos e costumes, em função da nova realidade implícita à exploração e transformação dos bens essenciais à vida.
A realidade é outra.
As necessidades são outras.
A organização social é outra.
Esta perceção por parte do poder, visível e oculto mais conservador, faz com que a estratégia dos políticos da atualidade se mova em defesa do ensino privado.
Condição que obriga, no espectro nacional, a que haja retrocesso do sistema educativo publico porque o interesse instalado passou a ser dominante.
Tornando assim impossível a planificação transversal ao território nacional daquilo que são os valores da identificação solidária com a visão de projeção social para um modelo de sociedade mais justo e equitativo.
É óbvio que essa nova conjuntura depende sempre da competência, conhecimento e capacidade dos profissionais envolvidos. Simplesmente, a necessidade conjugada não lhes é favorável e por isso tenderão a ceder a pressões económicas de dimensão financeira superior.
Não se trata já de quem financia. Do que se trata é: dos interesses em jogo. Os de quem financia e os de quem quer continuar a exercer o poder.
Um raciocínio lógico de quem,  o que pretende, é travar o acesso ao conhecimento porque, é o conhecimento que abre as portas da liberdade Humana.
No que toca à expressão cultural, já a condicionaram financeira e socialmente, há séculos!