Fernando dos Santos Neves * |
No dia 3 de outubro
de 2010 publiquei, no jornal “Expresso”, uma breve reflexão intitulada: “O PSD
português nunca existiu!”, de que permito citar os seguintes excertos
fundamentais:
… Aliás, mais exato do que dizer “O PSD português nunca existiu!” seria
talvez dizer que tal nome é uma ilusão e uma falsidade político-terminológica e
nem foi por acaso que o seu nome original de batismo não foi “PSD” (Partido
Social-Democrata) mas sim “PPD” (Partido Popular Democrático)! E bastará,
também aqui, olharmos para a Europa e irmos até ao Parlamento Europeu para
descobrir que, afinal, o “PSD” português se encontra, obvia e naturalmente,
arrumado não no grupo dos “PSDs”, mas sim no grupo dos “PPEs”! Parece que
quisemos, uma vez mais, dar razão (Hélas!)
à tristemente célebre sentença gaulesa: “Vérité
en-deçà des Pyrénées, fausseté au-delà!” (Verdade aquém dos Pirenéus,
falsidade além, ou vice-versa!).
Mas,
no fundo, a questão é outra e é, precisamente, de “ciência política”…, a qual
nunca pode deixar de dizer duas coisas essenciais:
– A primeira
é que a Política não é tudo, mas tudo é Político, também, senão principalmente,
o que parece ou pretende não sê-lo;
– A segunda
é que, sem cairmos na admissão e aplicação simplistas da sentença do filósofo
Alain: Se alguém me diz que não é de
esquerda nem de direita, já sei que é de direita!, as noções de “Esquerda”
e “Direita” continuam a ser noções e realidades fulcrais distintivas e estruturantes
das sociedades contemporâneas e que vale a pena traduzir modernamente uma e
outra mas não, numa implícita e inconsciente homenagem do vício à virtude,
negar as respetivas diferenças teóricas e práticas… Aqui é que seria caso para
dizer que “as coisas são como são” e nem o taumaturgo Prof. Marcelo Rebelo de
Sousa conseguirá realizar esse milagre…
É, pois, com a melhor intenção de puro cientista
político e com a responsabilidade de ter sido o criador da 1ª licenciatura de
Ciência Política nas Universidades Portuguesas que me permito sugerir ao
“Social-democrata” Rui Rio e ao “Popular-democrata” Pedro Santana Lopes a
designação de “Partido Popular Democrático Social” (PPDS).
* Professor Universitário, Criador da 1.ª Licenciatura de
Ciência Política nas Universidades Portuguesas (1991)