Francisco Bom Pereira* |
Eu posso-me apresentar como um adolescente de 16 anos que gosta de participar, tenho um estranho “vício” de participar em todas as atividades e iniciativas com que me deparo, mesmo que muitas vezes não tenha capacidade nem tempo para as realizar. Ainda estou a descobrir qual o motivo que me leva a aderir às mesmas e tenho concluído que nem sempre tenho um propósito de entreajuda, mas muitas vezes um sentimento oportunista de tirar o máximo partido delas e absorver todo o conhecimento que consigo.
O “Parlamento dos Jovens”, é um exemplo de um projeto que descobri há quatro anos e desde então, participei todos os anos na minha escola, ocupando várias funções desde membro da mesa, a deputado e de tudo o que experienciei, concluí que é uma excelente iniciativa para tantos jovens como eu, debaterem temas importantes e atuais, desenvolverem o seu espírito crítico e daí se interessarem não necessariamente pela política, mas pelo que se passa à sua volta. Elemento extremamente importante para formar futuros cidadãos participativos, que estejam prontos para dar respostas aos desafios do futuro e que consigam apresentar soluções para os mesmos. É recorrente ouvir, principalmente da boca dos adultos que os jovens não se interessam pela política, no entanto, eu discordo porque no fundo eu acho que nos interessamos, mas é normal que muitas vezes os valores conquistados em abril e a luta pela sua conquista sejam esquecidos, uma vez que, nascemos após esse período memorável da nossa democracia ou simplesmente devido à insuficiência de projetos como o “Parlamento dos Jovens”. Para além disso, ouvimos muitas vezes falar da falta de credibilidade nos políticos, que se supõe que sejam os nossos representantes bem como os valores altíssimos de abstenção eleitoral que se têm verificado nos últimos anos, não constituindo bons exemplos para nós enquanto futuros cidadãos.
Perante estes argumentos resta-me concluir citando Ramalho Eanes, “A República de Abril ofereceu as liberdades, mas esqueceu-se de criar cidadãos”, dizendo que se realmente queremos formar jovens com um “vício” de participar e mais conscientes politicamente, teremos de apostar numa educação forte e continuada do exercício da cidadania e da democracia.
aluno do 11ºC de Humanidades do Externato Camões