Rogério Pires |
A geringonça faz 2 anos de
governo e, importa fazer o Balanço, comparando o ponto de partida com a atual
situação. Em 2015 a economia crescia 1,8%, agora espera-se que em 2017 cresça à
volta de 2,6%, o que é razoável, mas não assim tão bom, atendendo a que
beneficiamos de uma conjuntura altamente favorável, com baixas taxas de juro,
baixo preço do petróleo, o turismo em alta, mercê de desvio de turistas de
zonas tradicionais que estão envolvidas em graves problemas de segurança.
Agrava a situação pelo facto de não ser sustentável, e, estar já em
desaceleração prevendo-se que já em 2018 fiquemos novamente a divergir da
Europa, ficando mesmo com apenas 5 países piores que Portugal, numa Europa a 28,
cenário que se manterá em 2019. A taxa
de desemprego tem vindo a descer sustentadamente, fruto das reformas efetuadas
pelo anterior governo e do crescimento em alta do turismo. Mas para que se
avalia melhor, o INE divulgou que em 2017 (até Setembro) criaram-se 159 mil
postos de trabalho dos quais 79 mil para trabalhadores até ao ensino básico, 87
mil para trabalhadores com ensino secundário. Já o número de postos de trabalho
para licenciados CAIU 6 mil. Afinal onde estão os empregos de base tecnológica,
as startup´s e os milhões da propaganda, resultantes da Web Summit de 2016 ? O desemprego de licenciados diminuiu, havendo
menos 17 mil licenciados desempregados do que em Dez 2016, mas menos 27 mil na
população ativa nesta data, ou seja temos menos 10 mil licenciados empregados.
Inevitável a conclusão: IMIGRARAM. Concluindo, este não é o emprego que o país
precisa. Agora analisemos a dívida pública. Em Nov 2015 este governo herdava
uma dívida de cerca de 231 mil milhões, está agora em cerca de 250 mil milhões,
o que se compreende mal, com deficit´s baixos como os que apresenta Centeno.
Mas como se chega lá ? Aprovando os Orçamentos, já prevendo que serão feitas
cativações que depois se transformam em verdadeiros cortes cegos, porque
atingem quase tudo desde a Saúde à Segurança passando pela Educação e todo o
funcionamento dos Serviços Públicos, com as consequências que se conhecem, nos
incêndios, no SNS com divida acumulada de mais de 2 mil milhões, com listas de
espera para cirurgias deixando morrer doentes por não serem operados em tempo
útil. Para que se tenha a ideia exata da dimensão das cativações o OE de 2018
prevendo um deficit de 1% ou seja 2.034 milhões, prevê cativações que mais uma
vez serão transformados em cortes de 1.776 milhões (Em 2015 foram de 554 milhões).
Em Nov 2015 Portugal estava livre dos prejuízos por ter sido ou privatizadas ou
concessionadas empresas como a TAP, a Carris, os STCP, a Metro de Lisboa e do
Porto que este governo reverteu, de modo
que os prejuízos voltem a ser pagos pelos contribuintes. Para satisfazer
os parceiros de coligação BE e PCP o PS devolveu rendimentos curiosamente os
que o mesmo PS havia cortado em 2010, e, aumentou algumas prestações sociais e
pensões para agradar aos parceiros e aos beneficiários dessas reposições e
aumentos que não se contestam pela justeza, mas que se duvida do ritmo a que
estão a ser feitas, e da forma como o estão a ser, isto é à custa de todos os
contribuintes, castigados com impostos indiretos, forma ardilosa para passar mais facilmente
aos distraídos. Temos assim um OE em que
Receita e Despesa estrutural sobem, uma divida gigantesca que não é estancada,
aliás um dos objetivos do governo entre outros para ter assumido o poder e não
cumprido, o que nos torna mais vulneráveis quando a crise chegar pois dado que
é cíclica, a teremos mais tarde ou mais cedo. Aí as receitas caem com a crise,
o desemprego avança novamente, os receios de mercados e investidores regressam
e a despesa por força dessa mesma crise sobe sem controlo, nas prestações
socias incluindo o subsidio de desemprego e os encargos com a divida enorme
crescem comprometendo as contas públicas. As necessidades anuais de
financiamento para rodar a dívida são enormes e com esse cenário, obviamente, as dificuldades surgem, quer quanto ao volume
necessário, quer quanto a taxas que nessa conjuntura se agravam
substancialmente, dificultando a gestão e podendo de novo pô-la em risco a
ponto de novo resgate. As empresas completamente esquecidas e mais que
suspendendo a reforma do IRC iniciada pelo anterior governo, até aprovada
também pelo PS, são confrontadas agora
com agravamentos da sua tributação, ao arrepio do que deveria ser a atitude do
governo, e foi um dos pilares de sucesso da Irlanda, a crescer a ritmos acima
de 7%
Que ganhou então o país nestes dois anos ? Uns quantos portugueses,
basicamente funcionários públicos, viram os seus rendimentos repostos, por
ironia dos destino por aqueles que lhos haviam cortado. Algumas benesses aqui e
ali. Os portugueses castigados com impostos indiretos para sustentar essas
reposições e muitos piores que em 2015 pois como se sabe os cortes só atingiam
ordenados acima de 1.500 euros e portanto os que ganham menos nada receberam e
como cerca de 50% dos contribuintes não pagam IRS, pagam os impostos indiretos criados para tapar
o buraco orçamental das reposições ficaram piores, pois nada receberam e pagam
mais. São portanto muito mais os portugueses que estão piores que aqueles que
beneficiaram. Tudo isto não parece real, tendo em conta a euforia e otimismo
reinantes, com índices de confiança dos consumidores em alta, contrastando como
o numero de famílias endividadas que recorrem à DECO que anuncia ser o ano de
2017 novo recorde de entrada de pedidos de ajuda. A confirmar algumas destas
coisas o Ministro da Saúde diz que é um país pobre de gente velha e doente e
muitas entregues a si próprias. Retrato
de um governante, que nos faz pensar muito. Distribuir seguindo a lógica de
primeiro criar a riqueza, equilibrar as contas, criar as folgas que nos permitam
encarar as crises com alguma tranquilidade e então depois sim distribuir alguma
dessa riqueza é o caminho seguro. Não é esse o caminho que este governo trilha
e as consequências veremos num futuro mais ou menos próximo, de acordo com a
conjuntura internacional. Os grande ganhadores foram em 1º lugar António Costa
que evitou a sua morte politica, o PCP que com a reversões recuperou a
influência sindical no setor dos transportes e o BE que pode influenciar a
governação e agradar à sua clientela partidária.
Portugal perdeu 112 pessoas
vitimas dos incêndios também para além de outras razões por força dos apertos
orçamentais e está a braços com um surto de Legionella que vitimou já mais 5 portugueses e atingiu
53 pessoas, fruto dos mesmos cortes cegos, milhares de hectares de floresta
ardida, e centenas de casas e empresas, engolidas pelas chamas. Dois anos pois,
de governo das esquerdas, com um triste balanço que nos torna mais pobres, e
menos preparados para o futuro.
Fontes: BP, INE.