António Fernandes |
O Socialismo, a Social
Democracia e a Democracia Cristã, são correntes do pensamento filosófico que
servem de suporte distinto a modelos de organização social diferentes, com
história evolutiva própria, amadurecimento especifico e mecanismos de luta na
defesa de direitos em todas as vertentes e variantes da vida em sociedade
organizada em pirâmide social interativa
mas completamente autónomos.
O Estado Social, não sendo um
modelo de organização política clássico no ponto de vista da conceção
ideológica, é uma solução sociológica de esbatimento das desigualdades sociais
existentes nas sociedades modernas em resposta ao estádio igualitário a que
chegamos, ou de aproximação igualitária, nas oportunidades emergentes
resultantes do conhecimento disponível e que tem influência direta na inovação
de todos os procedimentos, em substituição dos procedimentos existentes, com
problemáticas próprias que obrigam à partilha como forma de estabilizar os
vários segmentos sociais que se vão ajustando entre si e uniformizando a
qualidade de vida.
Em primeiro lugar é
necessário separar o principio do enquadramento social que está por de trás de
cada modelo de organização social e política, e sobre tudo, o seu conteúdo
ideológico. Que são quem faz a matriz das dinâmicas impulsionadoras de todos os
diversos tecidos sociais em contextos do âmbito sociológico. Sendo que neste
âmbito a dependência económica atinge maior relevo por influir diretamente em
todas as demais dependências.
Dependência económica essa
que limita todos os direitos liberdades e garantias do cidadão comum e impõe a
subserviência aos interesses instalados e por isso, dominantes.
Em segundo lugar é necessário
separar as dinâmicas específicas em que cada segmento social se movimenta no
tecido sociológico.
Em terceiro lugar importa
dissecar a origem das ideologias e demais fatores associados a necessidades
sociais elementares de sobrevivência primária do Ser Humano numa primeira fase,
de manutenção inovação e progresso nos estádios históricos de cada era no seu
tempo numa segunda fase e, numa terceira fase, quais as soluções que preconizam
para o futuro.
Contornar estas diferenças,
tentando assim dissociar o elementar, daquilo que são as regras que ditam a
sobrevivência, do acessório, que é tudo aquilo que conjuga a acumulação de
riqueza nas mãos de alguns em resultado das mais-valias geradas pelo trabalho,
como que de meras questões de organização de vida em tribo se tratem é, de há
uns tempos a esta parte, um argumento filosófico da direita mais conservadora
que o usa para atenuar conflitos sociais e políticos, e assim conseguir manter
os seus privilégios, em que defende inclusive, que a separação política entre
esquerda e direita é um argumento sem razão de ser no atual contexto político.
Depois, mistura-se o Estado
Social numa mescla de interesses completamente distintos como se fosse possível
haver um interesse exclusivo de todos os intervenientes no sentido da
distribuição equitativa da riqueza produzida de forma a que a mais valia
sobrante seja um remanescente publico de benfeitoria comum. Num tempo em que a
divida soberana detida por interesses obscuros, subjuga os povos.
O Estado Social não é algo de
abstrato de que se fala só porque convém.
Que não se implementa porque
não interessa:
- aos agentes políticos;
- aos agentes económicos;
- aos interesses financeiros.
O Estado Social é, de facto,
a única solução que a classe política tem para resolver os inúmeros problemas
com que se defronta.
Assim como é, a solução
política para a estabilidade de todos os agentes económicos e financeiros que
tudo terão a perder se o caos social se instalar seja em que parte do mundo for
e tenha a forma social ou política que tiver.
Em suma, o Estado Social é:
- Um Estado de proximidade;
- De pessoas para pessoas;
- Que previne e acautela;
- Que é justo na captação de
receita e na partilha da despesa.
- Que não faz distinção no
credo; na cor: na raça; na etnia;
- Que não destrói a cultura
nacional dos povos;
- Que não centraliza serviços
em prejuízo das comunidades locais;
- Que não fomenta assimetrias
regionais seja em que domínio for;
- Que não desertifica o
interior em beneficio de um centralismo populacional urbano, para um maior e
teoricamente melhor, aproveitamento dos meios disponíveis;
O Estado Social é um modelo
de organização política do Estado que não se rege por princípios de
sustentabilidade económica de configuração capitalista em que a
sustentabilidade é o lucro e por isso um falso argumento e, a austeridade a
sangria dos mais pobres, para se assumir como uma reforma de transição da
organização política social e económica desse Estado para um modelo mais justo
e socializante.
Daí que, neste contexto, a
globalização seja uma consequência inevitável.
Porque a globalização resulta
da vitória dos povos sobre os interesses instalados permitindo as esses mesmos
povos a coordenação das políticas sociais que estabilizarão a vida futura e
permitirão uma maior justiça na distribuição e equidade no tratamento das
pessoas e dos recursos que são a verdadeira riqueza existente para a vida.