17/10/2017

QUE ESTADO SOCIAL?



António Fernandes 
O Socialismo, a Social Democracia e a Democracia Cristã, são correntes do pensamento filosófico que servem de suporte distinto a modelos de organização social diferentes, com história evolutiva própria, amadurecimento especifico e mecanismos de luta na defesa de direitos em todas as vertentes e variantes da vida em sociedade organizada em pirâmide  social interativa mas completamente autónomos.

O Estado Social, não sendo um modelo de organização política clássico no ponto de vista da conceção ideológica, é uma solução sociológica de esbatimento das desigualdades sociais existentes nas sociedades modernas em resposta ao estádio igualitário a que chegamos, ou de aproximação igualitária, nas oportunidades emergentes resultantes do conhecimento disponível e que tem influência direta na inovação de todos os procedimentos, em substituição dos procedimentos existentes, com problemáticas próprias que obrigam à partilha como forma de estabilizar os vários segmentos sociais que se vão ajustando entre si e uniformizando a qualidade de vida.

Em primeiro lugar é necessário separar o principio do enquadramento social que está por de trás de cada modelo de organização social e política, e sobre tudo, o seu conteúdo ideológico. Que são quem faz a matriz das dinâmicas impulsionadoras de todos os diversos tecidos sociais em contextos do âmbito sociológico. Sendo que neste âmbito a dependência económica atinge maior relevo por influir diretamente em todas as demais dependências.
Dependência económica essa que limita todos os direitos liberdades e garantias do cidadão comum e impõe a subserviência aos interesses instalados e por isso, dominantes.

Em segundo lugar é necessário separar as dinâmicas específicas em que cada segmento social se movimenta no tecido sociológico.

Em terceiro lugar importa dissecar a origem das ideologias e demais fatores associados a necessidades sociais elementares de sobrevivência primária do Ser Humano numa primeira fase, de manutenção inovação e progresso nos estádios históricos de cada era no seu tempo numa segunda fase e, numa terceira fase, quais as soluções que preconizam para o futuro.

Contornar estas diferenças, tentando assim dissociar o elementar, daquilo que são as regras que ditam a sobrevivência, do acessório, que é tudo aquilo que conjuga a acumulação de riqueza nas mãos de alguns em resultado das mais-valias geradas pelo trabalho, como que de meras questões de organização de vida em tribo se tratem é, de há uns tempos a esta parte, um argumento filosófico da direita mais conservadora que o usa para atenuar conflitos sociais e políticos, e assim conseguir manter os seus privilégios, em que defende inclusive, que a separação política entre esquerda e direita é um argumento sem razão de ser no atual contexto político.

Depois, mistura-se o Estado Social numa mescla de interesses completamente distintos como se fosse possível haver um interesse exclusivo de todos os intervenientes no sentido da distribuição equitativa da riqueza produzida de forma a que a mais valia sobrante seja um remanescente publico de benfeitoria comum. Num tempo em que a divida soberana detida por interesses obscuros, subjuga os povos.

O Estado Social não é algo de abstrato de que se fala só porque convém.
Que não se implementa porque não interessa:
  - aos agentes políticos;
  - aos agentes económicos; 
  - aos interesses financeiros.
O Estado Social é, de facto, a única solução que a classe política tem para resolver os inúmeros problemas com que se defronta.
Assim como é, a solução política para a estabilidade de todos os agentes económicos e financeiros que tudo terão a perder se o caos social se instalar seja em que parte do mundo for e tenha a forma social ou política que tiver.
Em suma, o Estado Social é:
- Um Estado de proximidade;
- De pessoas para pessoas;
- Que previne e acautela;
- Que é justo na captação de receita e na partilha da despesa.
- Que não faz distinção no credo; na cor: na raça; na etnia;
- Que não destrói a cultura nacional dos povos;
- Que não centraliza serviços em prejuízo das comunidades locais;
- Que não fomenta assimetrias regionais seja em que domínio for;
- Que não desertifica o interior em beneficio de um centralismo populacional urbano, para um maior e teoricamente melhor, aproveitamento dos meios disponíveis;

O Estado Social é um modelo de organização política do Estado que não se rege por princípios de sustentabilidade económica de configuração capitalista em que a sustentabilidade é o lucro e por isso um falso argumento e, a austeridade a sangria dos mais pobres, para se assumir como uma reforma de transição da organização política social e económica desse Estado para um modelo mais justo e socializante.

Daí que, neste contexto, a globalização seja uma consequência inevitável.

Porque a globalização resulta da vitória dos povos sobre os interesses instalados permitindo as esses mesmos povos a coordenação das políticas sociais que estabilizarão a vida futura e permitirão uma maior justiça na distribuição e equidade no tratamento das pessoas e dos recursos que são a verdadeira riqueza existente para a vida.