22/10/2017

O RASTILHO DA CHAMA QUE ATEIA O FOGO, DA HIPOCRISIA COMUM!



António Fernandes 
O País ardeu. A Norte e Centro.
Dezenas de pessoas morreram. Milhares de animais morreram também.
A floresta foi devastada.
Aldeias foram reduzidas a escombros.
Bens móveis e imóveis foram reduzidos a cinzas.
Pelo caminho ficaram projetos e pecúlios de uma vida inteira daqueles que fugidos das zonas ardidas escaparam mas a quem o desaparecimento de um vizinho, conhecido ou familiar, jamais ficará pelo caminho porque ficará sempre presente no imaginário.
A tragédia esmorecerá com o tempo e nova flora rebentará ou será plantada assim como a fauna serrana.
As casas serão reconstruidas umas e construidas outras.
As pessoas desaparecidas, essas, não serão nunca substituíveis, de acordo com os valores sociais que todos defendemos e consubstanciam a nossa educação.
O País foi assolado por uma vaga de calor sem precedentes a que o total abandono a que foi votada a floresta em que o mato, as silvas e demais vegetação se propiciaram em ser
a tocha de incêndio , cresceu e, em resultado da seca prolongada, secou.
É nesta dominante que:O RASTILHO DA CHAMA QUE ATEIA O FOGO, DA
HIPOCRISIA COMUM, assume contorno indelével da responsabilidade de que todos
sacodem a assunção de culpa ao não cuidarem do ambiente como deviam mas também ao violarem as suas mais elementares regras de segurança, a que estão obrigados, assim como, ao comportamento adequado ao meio em que estão inseridos.
É demasiado fácil apontar o algueiro no olho do semelhante sem ver a tranca que obstrui próprio olho.
Uma tranca que vai engrossando consoante a grosseria com que se trata o ambiente vai acumulando erros sobre erros no equilíbrio ambiental mas sobremaneira, no equilíbrio das biodiversidades.
Não há mea culpa ou ato de contrição, nem sequer rezas aos Santos da devoção que perdoem um ritual de vida em permanente atentado contra as mais elementares regras do bom senso e da inteligência coletiva.
A culpabilização da classe política e demais cidadãos com responsabilidades pela segurança já não colhe porque os super homens só existem na banda desenhada.
Mas, os Homens que povoam o País somos todos nós!
Aqueles que a troco da comodidade não olham a meios para a conseguir:
– Poluindo o ar; as terras; a agua;
– Eliminando a vida selvagem a troco de uma estrada melhor ou outra qualquer conveniência;
– Alterando a flora visando a rentabilidade, vulgo sustentabilidade, colocando
espécies que nada tem a ver com o meio;
– Alterando habitats;
– Concentrando a mole em grandes urbes para que esteja tudo à mão;
– Desertificando toda a periferia e o território mais distante;
– Abandonando os progenitores em aldeias mais recônditas;
– Não acautelando os resíduos domésticos, industriais e outros;
– Não reciclando;
– Entre outros;
É óbvio de que parte das medidas acima referidas estão diretamente dependentes de linhas de orientação política geral.
Simplesmente, somos todos nós que elegemos quem essas linha de orientação geral estabelece.

Por isso, em última instância, a culpa é exclusivamente de todos nós porque somos quem os elege!