Mário Russo |
Na vida como na política há três
maneiras de se aprenderem as coisas. Uma que é a normal e que é aprender com os
próprios erros. A outra é a inteligente, que é aprender com os erros dos
outros. E, finalmente a “burra”, que não se aprende nem com os erros dos outros
nem com os nossos.
O Governo, e em especial António
Costa, está nesta última situação após as tragédias que vitimaram mais de 100
pessoas, equivalente a algumas guerras que vemos pelas televisões, sem que uma
imagem de sensibilidade perante o desastre e um ânimo às populações fosse manifestado.
Não houve um rasgo de liderança diante do desastre, assumindo desde logo que
tudo falhou e que não podia continuar como estava, sem esperar ou escudar-se em
comissões independentes, sem prejuízo destas fazerem o seu trabalho.
Escudar-se em resultados de
comissões diante de tão clamorosa situação é um erro brutal. Assumir os erros é
digno dos homens com estatura ética e moral e com responsabilidades. Os
resultados estavam à vista. Não precisavam de nenhuma palavra de uma qualquer
comissão de inquérito.
Um povo tem governantes para se
sentirem protegidos no que toca à governação das suas coisas. Não se pode dizer
simplesmente que as pessoas têm de se habituar ao desastre e a serem “pró
ativas”. É passar um atestado de incompetência ao próprio governo, que merece a
pergunta, afinal se é para isso para que estão no governo?
Não exime obviamente, toda a
responsabilidade coletiva diante do desleixo em que as populações, donos de fábricas,
autoridades municipais e estaduais têm pela negligência por não cumprirem os
seus deveres. As pessoas negligenciam a sua proteção deixando mato combustível
junto de suas casas. Os donos de fábricas são negligentes ao deixar mato
crescer junto de suas casas sem denunciar às autoridades, caso seja o caso. Os
construtores e, sobretudo as autoridades, devem observar o tipo de materiais
utilizados na construção de armazéns e pavilhões de fábricas que são verdadeiro
pasto para o fogo e tomar medidas regulamentares quanto aos materiais a
utilizar (que se avaliem os materiais altamente inflamáveis utilizados em
Pavilhões de Desportos. O de Fânzeres é um deles e recente) para evitar esta
situação de prejuízo para a economia nacional.
Após Pedrógão Grande, como se
viu, o Governo nada fez neste domínio, e pior, parece que está embevecido com
os resultados macroeconómicos com índices favoráveis na economia para pensar
que tudo pode fazer com sobranceria e atitudes arrogantes de salvadores da
pátria e insubstituíveis. É um mau sinal, a falta de humildade de António Costa,
que lhe fica mal.
Arrisco-me a dizer que a atuação
do Governo e em particular de António Costa, após Pedrógão Grande e mais ainda
após o desastre deste fim de semana, constitui um verdadeiro manual de como não
se deve atuar em política, que lhe pode sair muito caro.
Arrisco-me também a dizer, se o
PSD já tivesse outra liderança, o Governo teria caído, tal a inépcia de António
Costa em lidar com esta situação.