Mário Russo |
A declaração de independência da Catalunha é um ato
irresponsável de um tresloucado político que se deixou aprisionar por um
punhado de radicais fanáticos. Numa Europa da solidariedade e de união de
regiões, um punhado de “xiitas” fanáticos prefere o “califado” e o isolamento
de Espanha, porque estão convencidos que são os mais ricos do país e não querem
contribuir solidariamente para o desenvolvimento de outras regiões menos
desenvolvidas do país de que fazem parte há vários séculos. Este egoísmo
inaceitável num espaço que se pretende justamente de solidariedade para evitar
os confrontos clássicos na Europa até à
2ª grande guerra mundial é um contrassenso. A Espanha é um país livre e
democrático e o povo da Catalunha não está subjugado por uma força policial de
Espanha. A Catalunha tem sido beneficiada economicamente por ser uma região
autonómica com características e prerrogativas que outras regiões não têm.
Talvez por isso os “anões” caciques da região se levantaram.
Se estivesse em causa a integridade do povo catalão ou a sua
liberdade, ainda se poderia entender. Assim, não dá, porque não passa de um
capricho de radicais fundamentalistas e individualistas sectários.
O incidente é de uma gravidade sem precedentes na Europa, se
o Governo de Espanha não controlar imediatamente a situação, repondo a
legalidade, de preferência sem violência, porque de contrário é abrir a caixa
de Pandora e criar terreno fértil para os caciques de várias regiões da Europa se
agigantarem para tomar o poder, não porque beneficie as populações, mas porque
lhes serve os propósitos mesquinhos de poder.
A Europa pode fragmentar-se de tal maneira que será inviável
a sua gestão como espaço pensado pelos Pais da União Europeia. Hoje já se vê
como é difícil harmonizar interesses difusos de 27 Estados, o que seria com
mais de 80 regiões independentes? Uma verdadeira Torre de Babel.
Aos portugueses que estão muito entusiasmados com a
Catalunha independente, como a Dona Marisa Matias do BE, cabe a pergunta se os
Açores e a Madeira quisessem a independência? Ou o Norte de Portugal quisesse
restaurar o Condado Portucalense? Porque é que esta gente é sempre a favor de
atos de desobediência, ilegais e terroristas?
Faz algum sentido esta desagregação quando se pretende o
contrário, a união respeitosa entre países? Se os catalães não querem ser
solidários com os restantes espanhóis vão ser numa Europa, a que dizem querer
pertencer? Claro que não, e é melhor que nem tenham a pretensão de querer
entrar para a UE, porque será um desastre de gestão de espectativas e terreno
para a discórdia.
Acresce que os aventureiros ainda não sabem a dimensão do
desastre económico a que estão a candidatar-se apenas para seu gáudio. Seria
bom que os catalães moderados saíssem do sofá enquanto é tempo e antes da queda
no cadafalso das promessas vãs e loucas de um candidato a mártir, o louco
Carles Puidgemont.