12/08/2017

Enguias em Braga. No Rio Este? Já não há. Andam por aí.



António Fernandes 
A enguia, tal como a conhecemos, quando abundava no Rio Este e demais afluentes, era um misto de cobra pela semelhança e de peixe por viver na água, comestível, e que por isso era pescada como as demais espécies de peixes existentes na época.
De cor escura e combativa quando se sentia encurralada, a enguia, usava a sua defesa privilegiada. Uma cobertura escorregadia que dificultava a sua apanha manual. Por isso, os pescadores do tempo enlameavam as mãos para conseguirem um maior atrito ao agarrar a enguia que desesperadamente lhes procurava escapar.
Outra das técnicas usadas pela enguia era a da dissimulação enterrando-se nas profundezas lamacentas do Rio.
Este comportamento natural, que presumimos instintivo, pode, na perspetiva filosófica das regras da sobrevivência, ultrapassar o âmbito dessa presunção para se equiparar a um comportamento intuitivo. O que deitaria por terra um dos pilares da racionalidade que suporta a inteligência e por essa via a diferença estabelecida pelo Homem entre o racional e o irracional.
Cousa complicada para agente político mediano conseguir entender.
Porque neste domínio, o do se ser escorregadio e dissimulado, não há grandes diferenças entre a enguia e o agente político. Salvo na extinção de uns e na praga em que se tornaram outros.
E se uns, as enguias, se vão extinguindo, os outros, a praga de agentes políticos que desliza sub-repticiamente por entre os meandros dos interesses instalados, estão em crescimento acelerado.
Convém esclarecer que “agente politico” é designação de interlocutores diversos que intervém em nome de terceiros e não em exclusivo dos que se movimentam no seio dos paridos políticos. Embora sejam este os que mais se colocam a jeito de serem contestados; criticados; diabolizados; entre ouros predicados, por serem o elo mais fraco de uma cadeia de interesses em que o epicentro se centra na disputa feroz pelo poder em meios fora do alcance do cidadão comum quando não, do seu próprio conhecimento.
O político convencional discute a rama de uma teia legal que tem de urdir em torno de políticas gerais. Umas mais sociais e outras menos sociais.
Obviamente de que nesta disputa, o peso da correlação das forças sociais em presença tem significado relevante por serem, em primeira instância, o alvo de todos os interesses a montante. Daí que, a estabilidade social e a regulação da concorrência sejam fatores de contenção das apetências tentaculares.
Circunstância que condiciona os programas eleitorais de uns e os interesses financeiros de outros.
Ou, em tese, promove a promiscuidade entre ambos.
Mas, essa questão, é uma questão do foro ideológico profundo. Algo que não se aprende da forma leviana incutida nos programas do ensino curricular e muito menos nos bancos das academias.
As contradições conducentes a instabilidade social mais as dificuldades acrescidas a jusante são sempre a regra que delimita o interesse, da necessidade.
Essa é que é a questão central!
Para os políticos e, os demais agentes políticos que interferem na organização das sociedades do presente, tendo em atenção a sociedade do futuro, a educação é fundamental; o conhecimento um valor insubstituível; a visão Humanista da justiça com equidade e solidariedade um valor incalculável e incontornável como regra elementar da vida em comunidade.
Sobre as enguias que já houveram no Rio Este em Braga e as enguias que se esgueiram por entre os contornos das letras que compõem frases com promessas e outras engenharias de frases em que as mentiras escritas são por demais evidentes, pouco há a dizer porque o seu crédito bateu no fundo, em Braga.