António Fernandes |
A
enguia, tal como a conhecemos, quando abundava no Rio Este e demais afluentes,
era um misto de cobra pela semelhança e de peixe por viver na água, comestível,
e que por isso era pescada como as demais espécies de peixes existentes na
época.
De
cor escura e combativa quando se sentia encurralada, a enguia, usava a sua
defesa privilegiada. Uma cobertura escorregadia que dificultava a sua apanha
manual. Por isso, os pescadores do tempo enlameavam as mãos para conseguirem um
maior atrito ao agarrar a enguia que desesperadamente lhes procurava
escapar.
Outra
das técnicas usadas pela enguia era a da dissimulação enterrando-se nas
profundezas lamacentas do Rio.
Este
comportamento natural, que presumimos instintivo, pode, na perspetiva filosófica
das regras da sobrevivência, ultrapassar o âmbito dessa presunção para se
equiparar a um comportamento intuitivo. O que deitaria por terra um dos pilares
da racionalidade que suporta a inteligência e por essa via a diferença
estabelecida pelo Homem entre o racional e o irracional.
Cousa
complicada para agente político mediano conseguir
entender.
Porque
neste domínio, o do se ser escorregadio e dissimulado, não há grandes diferenças
entre a enguia e o agente político. Salvo na extinção de uns e na praga em que
se tornaram outros.
E
se uns, as enguias, se vão extinguindo, os outros, a praga de agentes políticos
que desliza sub-repticiamente por entre os meandros dos interesses instalados,
estão em crescimento acelerado.
Convém
esclarecer que “agente politico” é designação de interlocutores diversos que
intervém em nome de terceiros e não em exclusivo dos que se movimentam no seio
dos paridos políticos. Embora sejam este os que mais se colocam a jeito de serem
contestados; criticados; diabolizados; entre ouros predicados, por serem o elo
mais fraco de uma cadeia de interesses em que o epicentro se centra na disputa
feroz pelo poder em meios fora do alcance do cidadão comum quando não, do seu
próprio conhecimento.
O
político convencional discute a rama de uma teia legal que tem de urdir em torno
de políticas gerais. Umas mais sociais e outras menos
sociais.
Obviamente
de que nesta disputa, o peso da correlação das forças sociais em presença tem
significado relevante por serem, em primeira instância, o alvo de todos os
interesses a montante. Daí que, a estabilidade social e a regulação da
concorrência sejam fatores de contenção das apetências
tentaculares.
Circunstância
que condiciona os programas eleitorais de uns e os interesses financeiros de
outros.
Ou,
em tese, promove a promiscuidade entre ambos.
Mas,
essa questão, é uma questão do foro ideológico profundo. Algo que não se aprende
da forma leviana incutida nos programas do ensino curricular e muito menos nos
bancos das academias.
As
contradições conducentes a instabilidade social mais as dificuldades acrescidas
a jusante são sempre a regra que delimita o interesse, da
necessidade.
Essa
é que é a questão central!
Para
os políticos e, os demais agentes políticos que interferem na organização das
sociedades do presente, tendo em atenção a sociedade do futuro, a educação é
fundamental; o conhecimento um valor insubstituível; a visão Humanista da
justiça com equidade e solidariedade um valor incalculável e incontornável como
regra elementar da vida em comunidade.
Sobre
as enguias que já houveram no Rio Este em Braga e as enguias que se esgueiram
por entre os contornos das letras que compõem frases com promessas e outras
engenharias de frases em que as mentiras escritas são por demais evidentes,
pouco há a dizer porque o seu crédito bateu no fundo, em
Braga.