Mário Russo |
O atual governo através do Sr. Ministro das Finanças
garantiu há uns tempos atrás que a venda do Novo Banco não iria acarretar
custos para os contribuintes, ou seja, para o povo pagante das ineficiências e
desmandos dos governantes. Foi alertado que um dos concorrentes à aquisição do
Banco é um fundo abutre, o Lone Star, que nunca perde. Atua como abutre sobre
carniça, desmembrando os ativos e vendendo-os a preço de banana a uma empresa do
Fundo e exigindo a diferença ao Estado através das garantias de Estado que este
assina. Mas a incompetência governamental na negociação está a vir ao de cima
nos contornos conhecidos do negócio.
Não só o Governo de Portugal dá garantias de Estado, como
não vai ter qualquer poder de decisão sobre a parte boa do negócio, para ser
apenas o Fundo Abutre a ganhar. Só vai ter poder de ação sobre a parte má do
negócio, que é garantir cerca de 4 mil milhões como garantia de Estado, que vai
pagar toda esta ineficiência.
Um país estável e confiável depende de um governo sério
(políticos acima de qualquer suspeita, sérios e, se possível, competentes), da
separação de poderes (estado de direito), de um sistema de Justiça que funcione
em tempo e um sistema bancário sério e confiável com operadores acima de
qualquer suspeita.
Temos assistido em vários países à falência de quase tudo
isto, e não é de se estranhar a eleição de populistas que se insurgem sobretudo
à qualidade e seriedade dos políticos que conduzem o resto, por serem
mentirosos e bastas vezes corruptos, corrompidos pelo poder económico.
Não me detenho em outros países mas apenas ao nosso, cujos
governantes não aprendem com a experiência passada, nem com os erros. Tivemos
na área bancária os desmandos que levaram às derrocadas do BPN, BPP, BES,
Banif, assim como à necessidade de recapitalização da CGD por manifesta
roubalheira generalizada conduzida por administrações politizadas e á situação
do BCP, atirado à quase falência técnica, por ganância desmesurada com
estratégias de Al Capone nos idos 2000, 2001 e seguintes cujo comportamento
criminoso de manipulação do mercado foi já objeto de condenações criminais dos
administradores de então e da CMVM, por manipulação do mercado, maquilhagem das
contas, enganando os investidores que achavam boas as contas apresentadas,
quando eram uma verdadeira falsidade. A Justiça nada fez para coibir estas
práticas, porque os senhores juízes detêm-se muito mais ao acessório que ao
essencial. Provam todos os crimes, mas depois ilibam os responsáveis por um
qualquer prazo prescrito, sem atender que os crimes de colarinho branco são
mais difíceis de descobrir e provar. Vão, por isso, alimentando a ideia que
vale a pena prevaricar.
Na altura o Diretor da Área Internacional era o Dr. Caros
Costa, atual Governador do BdP, que como inocente virgem, disse numa CPI que
nada sabia, apesar de ter assinado e concordado o financiamento de dezenas de
milhões de euros a sociedades offshores que só negociavam ações do BCP com
financiamentos do próprio banco para artificialmente elevarem o valor das
ações. Disse não saber quem eram e que não tinha de saber, revelando o grau de
responsabilidade que tem e por isso o que tem feito à frente do regulador da
banca. Mas, nada lhe atingiu e saiu-se desta sem qualquer penalização ou reparo
da “nossa” Justiça.
Agora, o Ministro das Finanças, Mário Centeno, que parece
ter aprendido bem os comportamentos inaceitáveis da mentira, assina um acordo
criminoso que uma vez mais vai colocar o povo a pagar com língua de palmo, ao
arrepio do que disse há uns meses atrás, mas que vai dizer o contrário no
Jornal da noite nas TVs. Nem vergonha estes senhores têm. Estes comportamentos,
em diversos setores de grande importância para um país, é que são os
responsáveis pelo aparecimento dos “salvadores da pátria” que podem levar ao
surgimento de governos ditatoriais por cansaço e descrédito da população com a
mentira, corrupção e incompetência dos profissionais da política, verdadeiros
camaleões e camufladores de opinião.