11/02/2017

A "esquerda caviar"




António Fernandes 
Tenho um amigo de longa data que ainda usa, quando aponta muitos dos que hoje se dizem de esquerda: ou porque é chique; ou porque é erudito; ou porque é na esquerda que é sempre inocentemente crédula para acreditar em impostores que de si se servem para a projeção social que pretendem; ou por outro motivo qualquer; como sendo a " esquerda caviar".
Esta esquerda caviar, esclareço, não é a esquerda Russa: maior produtor mundial do espécime em causa.
A "esquerda caviar" foi, e continua a ser, uma designação que se aplica aos indivíduos que enchem a boca com argumentos de esquerda ao mesmo tempo que a enchem de caviar.
Ora, o caviar, não está ao alcance da quase totalidade das bolsas.
- E qual é problema?!
Questionarão os angélicos "militantes da nova  esquerda ".
- O problema, meus amigos.
É que, no centro das discussões estéreis, está a discussão da vida!
Está a discussão da vida e do futuro das pessoas;
das soluções para os campos de refugiados;
dos surtos migratórios;
das guerras civis;
das guerras fronteiriças, tribais ou outras;
Está a discussão do ambiente;
dos equilíbrios regionais;
das energias;
Está a discussão da organização social e política dos Estados e do seu modelo económico.
Por isso, simplesmente só por isso, a Esquerda não pode tolerar a baixeza moral e intelectual de um oportunismo desenfreado que se vem instalando no seu seio.
Porque na Europa, de há uns anos a esta parte, a esquerda politica tem sido tomada de assalto por interesses estratégicos politicamente indefinidos que oscilam ideologicamente consoante os interesses em causa.
Os partidos socialistas europeus vem atravessando crises profundas de orientação ideológica e por isso as suas lideranças aparecem fragilizadas, sem suporte interno nem externo estruturado e convicto na luta por uma nova ordem social mundial que responda às pessoas, no âmbito da Carta dos Direitos Humanos e da Internacional Socialista, de forma inequívoca sobre o que querem de facto os clãs que neste momento dominam as cúpulas da política internacional e que colocaram um louco no poder da maior potência militar atualmente existente. 
Este complô à luz de Maquiavel, não é teoria da conspiração.
Este complô já produziu resultados na Europa. Concretamente na Grécia, Espanha, Itália, Inglaterra com o Brexit, e outros. Nos USA. No Médio Oriente, Na África. Na América do Sul. De uma forma geral em todos os Continentes.
Neste contexto, os interesses dos povos passa por uma maior distribuição do PIB apurado por Nação o que implica posicionamento político de esquerda e sensibilidade intelectual associada, efectivos.
Acontece que o citado complô tem tentado esvaziar a base ideológica do pensamento politico e dos agentes políticos responsáveis, criando, através do controlo da educação e dos media, formatando a opinião comum de onde saem os atuais agentes políticos.
Por isso, ser de esquerda hoje, não é estar inscrito num partido de esquerda ou ser seu dirigente.
Ser de esquerda, hoje, é ser solidário e dar mostra de vontade em mudar o mundo para melhor onde os povos sintam a felicidade assente na paz, na concórdia e na confiança de que o futuro deixe de ser a sua preocupação diária.

O problema reside, pelo exposto, na noção daquilo que é a Esquerda, desde que esta designação política clarificou a divisão por conceito dos interesses comuns por classe social.
De ontem e de hoje. E do futuro também!