06/12/2016

Opinião de Joaquim Jorge no Noticias ao Minuto



(...) Não chega dizer mal por dizer, exige-se ideias claras e convicções fortes mostrando competência e rigor. Desmontar a cosmética e a falácia. Combinar inovação com providência, desenvolver Portugal sem perder a dimensão social e definir de uma vez por todas o papel do Estado (justiça, saúde, educação, ambiente, habitação, etc.). Reformar é uma atitude de curto prazo, é preciso sim inovar, pensar no longo prazo.

Em suma: uma coisa é a realidade que o Governo pretende fazer crer na sua imensa complexidade, outra bem diferente é a perspectiva da oposição. Mas no meio do Governo e da oposição está a nossa «perspectiva» do comum do cidadão.
O filósofo Ortega e Gasset ilustra muito bem este conceito de perspectivismo e ponto de vista. No fundo a oposição deve ser o eco, no que preocupa o país. Mas não tem sido.
Os portugueses querem estabilidade, menos crispação na vida política, menos austeridade e que a oposição não tenha pejo em elogiar o que está a ser bem feito.
O verdadeiro significado de oposição, desde que António Costa por um passe de mágica, formou governo com o apoio parlamentar do PCP e BE, está bastante confuso, fundamentalmente porque o PSD está aturdido e ressabiado.
A oposição segundo os usos democráticos exerce-se contra o Governo que visa substituí-lo no poder. O PSD não parece encarnar com os actuais dirigentes, a começar por Pedro Passos Coelho, uma alternativa possível, aos olhos dos cidadãos. Mas ao mesmo tempo há dificuldades no PSD ter um novo líder com rapidez.
O tempo, os estatutos do PSD, o timing (eleições autárquicas) ajuda a serenar o enfado dos militantes descontentes com a forma como o PSD está a ser dirigido.
O PSD está numa encruzilhada e esperar pelas eleições autárquicas pode ser tarde demais.
Dever-se-ia imprimir mais rapidez ao processo de clarificação. O PSD ou se enrosca ainda mais com esta equipa que não tem sido brilhante, ou se abre a novos protagonistas.