Quando
nascemos o nosso espaço é restrito. Raramente saímos do berço, ou quando o
fazemos, ficávamos no colo da nossa mãe. Contudo antes de um ano começamos a
gatinhar e a deambular pela casa. Lentamente começamos a expandir o nosso
espaço com os primeiros passos que é sinónimo de quedas e perigos. O triciclo
permite-nos ir mais longe, assim como o carro de pedais. A bicicleta
aumenta-nos o raio de acção.
A
continuação do aumento de novos espaços costumava acontecer com a primeira
viagem com os nossos pais. Quando vamos para a escola há as excursões e descobres
novas cidades e paisagens que aprecias.
Mais tarde,
o teu espaço aumenta em exponencial se viajas assiduamente por locais exóticos, hotéis e cidades pelos cinco continentes.
Porém,
quando passas os 50 anos, de repente, todo esse espaço já não te diz muito e
essa avidez de conhecer novos espaços desvanece-se.
Nada te
deslumbra e te põe boquiaberto. Ficas com a sensação que já viste tudo e nada
te surpreende. É na fase da vida que começas a ficar mais velho.
O problema maior
é não teres pachorra para esperas em aeroportos, viajar de carro já não te dá
gozo como antigamente. Frequentar festas e aturar pessoas é uma seca.
Começas a
viver mais serenamente e, num ápice, descobres que a tua casa tem tudo do que
necessitas. Um bom sofá para leres, uma boa cama para descansares, uma boa televisão
com os teus programas preferidos, longe do prime-time. Um bom computador com
Internet e um telemóvel para estares comunicável com o mundo exterior.
Vendo bem, voltas ao local de onde saíste. Não ficas por um berço, mas ficas numa casa com
as tuas comodidades. O espaço vai retrocedendo, lentamente. Um dia doente te
confinarás a uma cama e mais tarde serás levado numa caixa de madeira com um
espaço semelhante a um berço, dois metros por um.
JJ