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Mário Russo |
A notícia de que o ECOFIN vai abrir um procedimento de sanções contra Portugal e Espanha é um exemplo refinado da filosofia reinante
que tem como objetivo implodir o sonho traçado por homens com visão. Dá para perguntar
porque não o faz contra a França que teve um défice de 3,5%, logo, tal como
Portugal, excedeu os 3% da dita regra?
O défice de 3% é uma baliza e até se pode aceitar que tenha
sido estabelecido como uma regra para balizar a saúde financeira dos países.
Mas não pode ser uma medida quantitativa apenas, mas igualmente deve ser
qualitativa e jamais medida punitiva simples. De facto, como medida
quantitativa é simplista e não serve os propósitos de transformar territórios
que se digladiaram durante séculos, em terra de paz, solidariedade e
fraternidade como os pais da CEE visionaram.
Os países ainda exibem grande assimetria económica e de
desenvolvimento, agravada porque não há harmonia fiscal, logo a concorrência
livre que é estabelecida entre os Estados Membros é desigual e injusta quando
as taxas e impostos não são harmoniosos. O que o ECOFIN decidiu é uma decisão
punitiva dos grandes contra pequenos países. É uma decisão vergonhosa.
Porque é que o COFIN não abriu um processo por défice
excessivo quando a Alemanha excedeu o défice por 5 ocasiões? Em vez disso,
simplesmente suspendeu a obrigatoriedade. Será que não é vergonhoso? Ou a
Holanda também o fez e cujo Ministro das Finanças (da direita radical) é o
algoz do Eurogrupo sempre pronto para punir Portugal? Que moral têm esses
senhores? Nenhuma. E por isso, nós, portugueses e Espanhóis, devemos erguer a
nossa voz contra essa sanha persecutória de vampiros.
Por estas e outras a desconfiança que os cidadãos começam a
ter acerca dos propósitos dos canalhas que nos governam a partir de Bruxelas
vai aumentando. Esta é mais uma acha para a fogueira da destruição desse sonho
idealizado por verdadeiros Estadistas, que os anões de Bruxelas teimosamente
vão colocando na fogueira.
A Inglaterra já saiu (está saindo), em boa parte pela
desconfiança que os seus cidadãos nutrem pelos burocratas de Bruxelas. Ora se esses
demolidores de sonhos continuarem com estas práticas discricionárias,
seguramente que o caminho da destruição será um sucesso. Basta que a Grá-Bretanha
saia vencedora no campo económico fora da UE, para ser o rastilho.
De facto, os decisores políticos vão se perguntar, afinal
para que estamos aqui amarrados numa jangada de pedra?
Ergamos as nossas vozes contra os canalhas de Bruxelas.