15/07/2016

Como é que se destrói um sonho lindo



Mário Russo
A notícia de que o ECOFIN vai abrir um procedimento de sanções contra Portugal e Espanha é um exemplo refinado da filosofia reinante que tem como objetivo implodir o sonho traçado por homens com visão. Dá para perguntar porque não o faz contra a França que teve um défice de 3,5%, logo, tal como Portugal, excedeu os 3% da dita regra?

O défice de 3% é uma baliza e até se pode aceitar que tenha sido estabelecido como uma regra para balizar a saúde financeira dos países. Mas não pode ser uma medida quantitativa apenas, mas igualmente deve ser qualitativa e jamais medida punitiva simples. De facto, como medida quantitativa é simplista e não serve os propósitos de transformar territórios que se digladiaram durante séculos, em terra de paz, solidariedade e fraternidade como os pais da CEE visionaram.
Os países ainda exibem grande assimetria económica e de desenvolvimento, agravada porque não há harmonia fiscal, logo a concorrência livre que é estabelecida entre os Estados Membros é desigual e injusta quando as taxas e impostos não são harmoniosos. O que o ECOFIN decidiu é uma decisão punitiva dos grandes contra pequenos países. É uma decisão vergonhosa.
Porque é que o COFIN não abriu um processo por défice excessivo quando a Alemanha excedeu o défice por 5 ocasiões? Em vez disso, simplesmente suspendeu a obrigatoriedade. Será que não é vergonhoso? Ou a Holanda também o fez e cujo Ministro das Finanças (da direita radical) é o algoz do Eurogrupo sempre pronto para punir Portugal? Que moral têm esses senhores? Nenhuma. E por isso, nós, portugueses e Espanhóis, devemos erguer a nossa voz contra essa sanha persecutória de vampiros.
Por estas e outras a desconfiança que os cidadãos começam a ter acerca dos propósitos dos canalhas que nos governam a partir de Bruxelas vai aumentando. Esta é mais uma acha para a fogueira da destruição desse sonho idealizado por verdadeiros Estadistas, que os anões de Bruxelas teimosamente vão colocando na fogueira.
A Inglaterra já saiu (está saindo), em boa parte pela desconfiança que os seus cidadãos nutrem pelos burocratas de Bruxelas. Ora se esses demolidores de sonhos continuarem com estas práticas discricionárias, seguramente que o caminho da destruição será um sucesso. Basta que a Grá-Bretanha saia vencedora no campo económico fora da UE, para ser o rastilho.
De facto, os decisores políticos vão se perguntar, afinal para que estamos aqui amarrados numa jangada de pedra?
Ergamos as nossas vozes contra os canalhas de Bruxelas.