27/11/2015

UM GOVERNO PARA A LEGISLATURA?




Daniel Braga 
Um governo de esquerda, cujo processo de formação foi ínvio. Alguém que não foi legitimado para tal mas contra toda a sua prática anterior e de Partido de centro esquerda, resolveu fazer alianças com quem pouco tem de comum (daí não ter conseguido sequer um acordo consistente tripartido, mas 3 acordos presos por arames, que ao primeiro sopro contrário, caem que nem um baralho de cartas), quebrando, assim, toda a confiança de uma franja de "descontentes" que vota no "centrão" (ora PSD ora PS). Das duas uma, ou tudo corre muito bem, respeitando-se tudo (os défices, o Tratado Orçamental, o posicionamento perante a Europa, etc, etc...), conseguindo-se o milagre que outros não conseguiram (fazer crescer o País, com mais despesa pública e menos contenção do Estado) ou tudo correrá muito mal e António Costa e o PS , se forem a votos, em tempos próximos, terão um dissabor como não há memória. Para já começa mal ,com um governo com mais elementos (só Santana Lopes o superou) e com lugares chave para amigos (vamos estar atentos às doações a Fundações....) e familiares de amigos do Partido (há lá muitos mesmo....basta ver o elenco e quem é quem) - os tais "jobs for the boys" começam cedo! Para já o benefício da dúvida para quem ainda pouco mostrou e cujas ambiguidades são demasiado evidentes( na CML teve uma almofada financeira do Estado muito grande...). Há lugares chave nos cargos pouco compreensíveis e de dúvida elevada (na Cultura e nos Negócios Estrangeiros não tinham mais ninguém? Muito pobre...) com pontos também muito favoráveis (não há-de ser tudo negativo) - Francisca Van Dunen na Justiça, alguém com um currículo invejável na magistratura e Ana Sofia Antunes (presidente da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal - ACAPO, que vai assumir a pasta da Inclusão das Pessoas com Deficiência. É a primeira governante deficiente invisual em Portugal.). Há um outro cargo, talvez o de maior visibilidade - Finanças - ocupado por alguém que redigiu o programa económico do atual governo - Mário Centeno - cujas primeiras declarações tendem a sossegar os credores e de quem nós mais dependemos e estamos vulneráveis - os mercados. Diz Centeno: " Nada há a temer. O programa do PS não vai conduzir o País a um novo programa de resgate. A História recente não se vai repetir e Portugal não vai seguir a trajetória da Grécia”. Para bem de todos nós - apesar de todas as subtilezas - sucesso para quem agora nos vai governar, porque senão teremos de começar tudo do zero e aí não sei se nos aguentaremos. É tempo de dar as mãos para que o crescimento económico efetivo e contínuo seja uma realidade, para que os riscos sejam menorizados e que acima de tudo se devolva algum do bem estar perdido e e se tenham em conta algumas assimetrias latentes e evidentes nas áreas sociais, não fazendo sempre da classe média o bode expiatório de todos os males. Pede-se ética e idoneidade na governação e que os exemplos visíveis nestes últimos 20 anos - descredibilização total nos meios financeiros e nos governantes - não continue a ser uma triste e dura realidade. Se tudo correr bem é o País que ganha, se tudo não correr de feição é o Povo quem vai sofrer as consequências.