30/08/2015

O Museu do Ar



Miguel Mota 
Eu conhecia o Museu do Ar em Alverca, embora há muitos anos que já lá não vou. Mais recentemente foi inaugurado um outro, em Sintra, que só agora pude visitar, na companhia de meu filho.
O Museu encontra-se na Base Aérea 1, embora com certa independência. 
A Base é lugar que muito frequentei porque, antes da construção do Aeródromo de Cascais, em Tires, era nela que se encontrava instalado todo o material do Aero Clube de Portugal. Foi ali que tirei a minha licença de piloto de aviões e onde eu e os outros sócios do Clube íamos voar aos fins de semana.
Muito amavelmente recebidos pelo Director, Coronel José Luís Romão Alves Mendes, fomos depois acompanhados em toda a visita pelo 1º Sargento Rui Araújo Pinto, que nos deu informações adicionais sobre as peças expostas.
O museu começa, na entrada, com uma série de réplicas de aviões primitivos, entre eles dois de Santos Dumont, um brasileiro de origem portuguesa, que vivia em França: o “14 Bis”, o primeiro avião a descolar sem ajuda - os dos irmãos Wright tinham de ser catapultados – e o “Demoiselle”. Tem uma boa colecção de aviões da Força Aérea e comerciais, bem acompanhados de descrições das suas características. Uma série de helicópteros, entre eles os nossos conhecidos Alouette - um deles “descascado”, para mostrar o seu funcionamento - e o Puma.
Uma excelente série de grandes fotografias apresenta a evolução da aviação em Portugal, desde Bartolomeu Lourenço de Gusmão até aos nossos dias. Três grandes paneis, de Angola, Moçambique e Guiné, mostram as posições da Força Aérea nesses territórios.
Na Sala dos Pioneiros vi a placa da homenagem que há tempos a Força Aérea prestou, naquele museu, à minha grande amiga de longa data D. Isabel Bandeira de Melo, um caso notável da aviação portuguesa, felizmente ainda viva. Piloto de planadores, piloto de aviões, a primeira paraquedista portuguesa (só havia paraquedistas militares pelo que foi fazer o curso a França), piloto de balões de ar quente e, na década de 1950, a única senhora entre oito concorrentes, ficou em segundo lugar no primeiro concurso civil de acrobacia aérea. Promoveu a formação do corpo de enfermeiras paraquedistas, que tão bons serviços prestaram na guerra do ultramar. Não sei de quem mais tenha tão variadas qualificações.
De planadores vi o velho SG 38, o planador escola alemão em que os mais antigos fizeram a sua iniciação nesse magnífico desporto. Para alguns, como foi o meu caso, que nunca tinham andado de avião, dá-nos a pueril “glória” de dizer que, nos primeiros voos, fomos sempre sem qualquer instrutor, ou seja, que fomos “largados” no nosso primeiro voo.
No exterior o museu tem ainda algumas outras aeronaves.
Como mais tarde me foi chamada a atenção, há uma carência de representação dos aeroclubes, que formaram muitos pilotos, tanto de aviões como de planadores. Talvez a culpa seja dos próprios aeroclubes e bom seria que pudessem dar a sua contribuição.
Este museu precisa de ser visto por todos os portugueses, principalmente pelos jovens, que ali podem aprender muito que desconhecem.