Miguel Mota |
Muito amavelmente recebidos pelo Director, Coronel José Luís Romão Alves Mendes, fomos depois acompanhados em toda a visita pelo 1º Sargento Rui Araújo Pinto, que nos deu informações adicionais sobre as peças expostas.
O museu começa, na entrada, com uma série de réplicas de aviões primitivos, entre eles dois de Santos Dumont, um brasileiro de origem portuguesa, que vivia em França: o “14 Bis”, o primeiro avião a descolar sem ajuda - os dos irmãos Wright tinham de ser catapultados – e o “Demoiselle”. Tem uma boa colecção de aviões da Força Aérea e comerciais, bem acompanhados de descrições das suas características. Uma série de helicópteros, entre eles os nossos conhecidos Alouette - um deles “descascado”, para mostrar o seu funcionamento - e o Puma.
Uma excelente série de grandes fotografias apresenta a evolução da aviação em Portugal, desde Bartolomeu Lourenço de Gusmão até aos nossos dias. Três grandes paneis, de Angola, Moçambique e Guiné, mostram as posições da Força Aérea nesses territórios.
Na Sala dos Pioneiros vi a placa da homenagem que há tempos a Força Aérea prestou, naquele museu, à minha grande amiga de longa data D. Isabel Bandeira de Melo, um caso notável da aviação portuguesa, felizmente ainda viva. Piloto de planadores, piloto de aviões, a primeira paraquedista portuguesa (só havia paraquedistas militares pelo que foi fazer o curso a França), piloto de balões de ar quente e, na década de 1950, a única senhora entre oito concorrentes, ficou em segundo lugar no primeiro concurso civil de acrobacia aérea. Promoveu a formação do corpo de enfermeiras paraquedistas, que tão bons serviços prestaram na guerra do ultramar. Não sei de quem mais tenha tão variadas qualificações.
De planadores vi o velho SG 38, o planador escola alemão em que os mais antigos fizeram a sua iniciação nesse magnífico desporto. Para alguns, como foi o meu caso, que nunca tinham andado de avião, dá-nos a pueril “glória” de dizer que, nos primeiros voos, fomos sempre sem qualquer instrutor, ou seja, que fomos “largados” no nosso primeiro voo.
No exterior o museu tem ainda algumas outras aeronaves.
Como mais tarde me foi chamada a atenção, há uma carência de representação dos aeroclubes, que formaram muitos pilotos, tanto de aviões como de planadores. Talvez a culpa seja dos próprios aeroclubes e bom seria que pudessem dar a sua contribuição.
Este museu precisa de ser visto por todos os portugueses, principalmente pelos jovens, que ali podem aprender muito que desconhecem.