23/03/2015

Guia político gratuito para António Costa vencer as eleições



Mário Russo

António Costa foi o líder desejado pelas gentes do PS ante o inseguro líder que o partido tinha, porque apesar das malvadezas que o Governo estava a fazer ao povo português, sobretudo ao que trabalha, não havia meio de descolar nas preferências dos portugueses.
No entanto, pese embora ter subido um pouco nas preferências dos eleitores, não é o suficiente para que Portugal tenha um governo estável, pelo contrário, parece que se pode formar um verdadeiro lodaçal com o PS a ter uma votação semelhante ao PSD+CDS, tornando o país ingovernável.
O que se pergunta é porque é que António Costa não capitaliza o descontentamento a seu favor?  De facto, após 3 anos em que o Governo atirou a economia para o fundo do poço, com a falência de centenas de milhar de empresas, de aumentar os impostos como nunca se viu, de cortar os salários aos funcionários públicos, de aumentar a dívida pública de forma expressiva decorrente das políticas de austeridade para além da Tróika, com desemprego galopante e consequentes despesas com subsídios ao desemprego e aumento da dívida pública. O facto de não ter feito reformas estruturais, mas apenas cosméticas para tapar buracos momentâneos. Enfim, o Governo de Pedro Passo Coelho ( PPC ), que antes dizia cobras e lagartos do governo PS e do seu famigerado líder, afirmando que este tinha mentido aos portugueses e feito o contrário do que prometeu, nomeadamente que o aumento dos impostos era uma vergonha. Pois bem, PPC, logo que assumiu o governo PPC fez o oposto do que prometeu aos portugueses em campanha, para ganhar as eleições.
Mais se torna intrigante este pífio resultado do PS de António Costa, cujos assessores o estão a guiar ao fracasso. De facto, os assessores dos políticos, na maior parte das vezes dão – me a sensação que vivem noutro país.
Tomo, por isso, a liberdade de oferecer gratuitamente este guia político estratégico para António Costa vencer as eleições, mesmo sendo um aprendiz de feiticeiro, mas que vive em Portugal e contacta com o povo, de carne e osso e não os fantoches que polulam nas máquinas partidárias autistas. Ao longo dos anos tenho acertado mais que esses marqueteiros  de araque.
Em primeiro lugar António Costa tem de romper definitivamente com Sócrates e proibir e afastar toda a canalha socratista, sob pena de perder a credibilidade de milhões de Portugueses. Até que os Tribunais se pronunciem definitivamente sobre as  gravíssimas acusações que impendem sobre Sócrates, deve suspender a sua filiação e expulsão após ser condenado pelos crimes que é imputado, porque nenhum partido tem de dar guarida no seu seio pessoas desonestas, ladrões, traficantes, sob pena de se transformar em instituição criminosa. Os partidos devem zelar para que os seus membros sejam impolutos, sérios e imbuídos de boa-fé. Aliás, como em qualquer associação profissional que tem conselhos  disciplinares, justamente para evitar que seus membros possam denegrir a instituição, os partidos também devem ter procedimentos inequívocos que não se compadecem com compadrios com membros desonestos ou sob forte suspeita.
É uma matéria sensível, mas onde se define o peso da liderança. António Costa deve afastar todos os militantes que com suas ações prejudicam o Partido. Afastar Sócrates e os seus inefáveis prosélitos é tarefa imprescindível de saneamento.
As figuras socráticas mais visíveis, devem ser impedidas de falar em nome do partido. Têm direito à sua opinião, mas devem ser advertidos que não podem fazê-lo em nome do partido. A treta do partido plural é nefasta e propícia a misturar o trigo e o joio. Facilmente a máquina propagandística PSD lança a confusão generalizando, que são todos iguais. O que vão tentar fazer é isso mesmo, Costa ou Sócrates é a mesma coisa. Costa não pode permitir. Não pode titubear nem ter receios dos sectários seguidores de Sócrates que cada vez que abre a boca complica a vida ao partido.
António Costa deve afastar-se da tentação de prometer o que não pode cumprir, como aliás, já disse. Para isso é fundamental elencar 5 eixos de atuação do seu futuro governo para ficarem nos ouvidos dos eleitores. Nada de fazer o que Seguro fez, elencando 80 medidas de atuação. Ninguém decora mais de 5.
Não pode deixar-se apanhar na ratoeira do PSD de não responder de forma categórica às provocações de como reduzir o défice? Como repor os cortes aos funcionários públicos?
Responder com precisão ao ataque PSD/CDS de que as medidas anunciadas vão agravar o défice. Tem de responder que o país poderá cobrar mais receita não pelas taxas elevadas dos impostos, mas pelo alargamento da economia através de uma política de estímulos ao seu crescimento e evidenciar quais os instrumentos que tem (apoios à internacionalização, inovação e ciência aplicada nas empresas, beneficio da conjuntura internacional favorável, fundos comunitários disponíveis, condições para alívio da carga fiscal que aportam mais dinheiro à economia, entre outros).
António Costa não deve contestar os parâmetros macro económicos que indicam melhorias no ambiente económico, mas que é fácil de entender após o país ter passado por uma dieta de 3 anos no fundo do poço, de tal forma que qualquer melhoria é sempre vista como uma conquista, cujo mérito não pode ser assacado ao Governo, mas consequência do tempo esforço dos portugueses, sem ajuda do governo.
De facto, deve realçar que tais melhorias decorrem de fenómenos que a incerteza dos nossos dias torna férteis, designadamente a ação de Mario Drahgi no BCE permitindo Portugal financiar a sua economia a juros baixos (e não a mérito das políticas do governo PPC). Bem como os baixos preços do petróleo, devido às guerrilhas politico-estratégicas do setor que beneficiam a fatura energética portuguesa quase equivalente ao serviço da dívida externa em termos anuais, e não por ação de PPC. Por outro lado, Portugal começa a receber fatias chorudas do novo Quadro de apoios comunitários que potenciam o crescimento. Mas essas condições o PS saberá potenciar como o atual governo não soube fazer, que até pretende adotar novas medidas de austeridade para cumprimento do défice, tal o facciosismo do défice.
António Costa deve ser implacável na defesa à acusação da máquina propagandística PSD/CDS de despesismo e de com o PS no Governo, Portugal vai perder as “conquistas” conseguidas com o sacrifício dos portugueses. É a reedição da teoria do “ou comigo, ou o caos”. Mas que conquistas? É o que deve salientar Costa: desemprego, aumento da pobreza, emigração para fugir à pobreza, desesperança, alienação das principais empresas portuguesas a estrangeiros, aumento da dívida pública, ausência de estratégia para o país, benefício contínuo aos grandes conglomerados de interesses, seguidismo e fiel intérprete dos desejos dos credores. Total ausência de defesa dos interesses dos portugueses.
Enfim, António Costa deve escolher bem quem ouvir. Não apenas os que lhe batem as mãos nas costas, os lambe-botas autistas, ou arrisca-se a ter uma vitória de Pirro, se não for uma derrota, porque estas condições externas favoráveis aliadas à fraca memória dos portugueses que perdoam o seu carrasco que alivia a tortura, constituem uma tempestade perfeita para derrubar o barco de António Costa.